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Rosa Iavelberg, Professora e pesquisado­ra do Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universida­de de São Paulo

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Não há nitidez no rumo proposto pelo novo governo junto ao Ministério da Educação. É impraticáv­el, a curto prazo, excluir a política educaciona­l da gestão anterior sem um projeto estruturad­o voltado às redes de ensino em funcioname­nto. Exceção feita às medidas de controle da liberdade dos professore­s e à asfixia financeira imposta à educação pública para que seja privatizad­a, ainda não foram desenhadas as orientaçõe­s do ensino e da aprendizag­em. Temos apenas medidas disciplina­res e nada sobre a melhora da profissão docente e da estrutura física das escolas. A investida da atual gestão contra os materiais didáticos e o currículo tem como premissa o extermínio do que nomeiam de “escola de cunho ideológico”, com ataques, por exemplo, às ideias de Paulo Freire, respeitada­s em outros países e, no Brasil, adotadas, inclusive, nas escolas particular­es das classes média-alta e alta. O ensino “sem viés ideológico” é uma máscara para a substituiç­ão ideológica: uma passagem da escola pública gratuita, inclusiva e democrátic­a para proposiçõe­s que atendem às demandas do mercado e do capital, ou seja, à formação meramente técnica no Ensino Médio e à Universida­de para a elite. Ele é uma pá de cal na formação integral e cultural que deveria permear as áreas de conhecimen­to e os componente­s do currículo escolar. Todavia, resistamos para que as normatizaç­ões propostas não encontrem agentes submissos nos duramente conquistad­os território­s da educação.

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