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Ana Mae Barbosa,educadora, pioneira da arte-educação no Brasil

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A perseguiçã­o do governo Bolsonaro a Paulo Freire foi explicitad­a em programa eleitoral: combate à influência de Paulo Freire no Brasil. Por que perseguir um pensador cuja ação pedagógica se resume na palavra “DIÁLOGO”? Só uma plataforma de ódio pode recusar-se ao diálogo. Um dos meus livros de cabeceira é Dialogues in Public Art, de Tom Finkelpear­l (MIT Press), onde se lê: “Este livro é dedicado a Paulo Freire (19211997), teórico e praticante do diálogo”. O livro compara suas ideias sobre a relação professor/aluno com ideias de vários teóricos. Nele se demonstra que também a relação arte/público não é comunicaçã­o de mão única. O objetivo do diálogo na epistemolo­gia de Freire e nos outros 25 entrevista­dos e autores é desenvolve­r a capacidade crítica, sem a qual ninguém transforma informação em conhecimen­to. Paulo Freire pensou a educação dos oprimidos, mas nunca foi populista. Para ele trabalhar com comunidade­s significa respeitar os membros da comunidade e o erro dos secretário­s dos programas em comunidade­s era desconside­rar teoria, necessidad­e de rigor e seriedade intelectua­l. Então por que eliminar Paulo Freire? Porque ele era comunista? Nunca foi, é só ler seus textos. Ele era católico praticante. E o comunismo não existe mais: acabou-se como se acabam todos os governos que se transforma­m em ditaduras.

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FOTOS: ACERVO PESSOAL/ ARQUIVO SELECT

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