MAIS ARTE BRASILEIRA
Enquanto o MAM Rio vende seu único Pollock, museus de SP anunciam novas aquisições de arte contemporânea brasileira
O problema dos museus no Brasil é que eles são muito locais. Cada vez mais locais. É o que conseguem fazer com orçamento baixo e uma expansão de acervo totalmente dependente de doações, seja de artistas e suas galerias, seja de colecionadores.
Enquanto o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro vendia, em Nova York, a única pintura de Jackson Pollock em coleção pública do País, o Masp, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Pinacoteca anunciaram suas novas aquisições, reforçando as coleções de arte brasileira contemporânea.
O MAM SP expõe agora uma seleção de suas aquisições dos últimos cinco anos. Entre os destaques da nova leva está Nascido-peão/peon-born, por Rondinele, da série Eu, Mestiço (2017), de Jonathas de Andrade, e Paisagem Brasileira – Fim de Tarde com Baobá (2012), pintura de Rodrigo Andrade. Outras doações relevantes são Luta (1967), pintura de José Roberto Aguilar, fotos da ação Ensacamento do coletivo 3NÓS3, de 1979, simulando tortura em estátuas públicas, e um conjunto de obras de poetas visuais que despontaram nos anos 1970, como Ridyas (José Ricardo Dias, 1948-1979) e Almandrade. Em paralelo, a Pinacoteca do Estado mostra trabalhos recém-adquiridos de quatro artistas. De Matheus Rocha Pitta há a instalação Primeira Pedra (2015-2016), em que cubos de concreto sobre folhas de jornal são oferecidos ao público, que podem levá-los desde que tragam a primeira pedra que encontrarem do lado de fora do museu. De Regina Parra a Pinacoteca mostra Chance (2015-2017), um néon vermelho onde se lê “A grande chance”.
Lição de Mímese (2004-2006), considerado crucial na trajetória de Débora Bolsoni, é composto de lousas recortadas em diferentes formatos e emolduradas em madeira. De Marcius Galan há Seção Diagonal (Prisma Fumê), de 2012. Outros artistas que tiveram obras incorporadas ao acervo da Pina no ano passado foram Maxwell Alexandre, Arjan Martins, Marcelo Cidade, Carla Chaim, Paulo Bruscky, Patricia Leite, Marcellvs L. e Sara Ramo.
No caso do Masp, com sua coleção mais conhecida por suas obras de mestres clássicos europeus, o oxigênio veio com a doação de 21 trabalhos de 19 artistas afrodescendentes que estiveram em exposições monográficas ou coletivas do programa Histórias Afro-atlânticas. Entre os artistas estão Rosana Paulino, Sonia Gomes, Dalton Paula, Flávio Cerqueira, Jaime Lauriano, Maxwell Alexandre, Mestre Didi e Emanoel Araujo.