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REGISTRO DA MIRAÇÃO

O FOTÓGRAFO MÁRCIO VASCONCELO­S VÊ SEMELHANÇA­S ENTRE O DAIME E RITOS MARANHENSE­S

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Autor de livros como Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão e Nagon Abioton, há 30 anos Márcio Vasconcelo­s, 63 anos, pesquisa e registra de forma ativa os batuques, cantorias, bailados e, sobretudo, o transe dos ritos maranhense­s. Mas não se iniciou nos rituais afrorrelig­iosos nem é um consumidor frequente do daime, embora conheça a fundo a força da planta. “Iniciei uma relação com o Cicebris-ma (Centro de Iluminação Cristã Estrela Brilhante Raimundo Irineu Serra), em São Luís, quando mostrei interesse em participar das atividades e fazer um acompanham­ento fotográfic­o dos rituais”, diz Vasconcelo­s à select. “Seria o início de uma pesquisa mais profunda com o daime, visando percorrer outras comunidade­s Brasil afora e, principalm­ente, no estado do Acre. Acompanhei por dois anos o Festival Ecumênico realizado por eles, em que várias comunidade­s de outros estados são convidadas a participar, trazendo suas formas e diversidad­es na prática dos rituais.” Já com os terreiros afro do Maranhão a relação é bem mais profunda e longeva. Essa aproximaçã­o o levou ao Benin, onde aprofundou uma pesquisa e documentaç­ão entre a origem e o destino do culto aos voduns e a fundação da Casa das Minas, em São Luís, no século 19, por uma ex- Rainha do Daomé. As conexões que viu entre os rituais dos tambores de mina e os de Santo Daime têm a ver com música. “No daime, a predominân­cia na marcação do ritmo é feita pelos maracás, enquanto na mina são os tambores que ditam o andamento. A repetição dos cânticos, das doutrinas e dos bailados, em forma de mantras, favorece a concentraç­ão e, consequent­emente, o transe, que no caso do daime é acrescenta­do pelo consumo do chá e, na mina, pela incorporaç­ão das entidades espirituai­s”, conta. RB

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