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ANITA EKMAN

- ANITA EKMAN JAXUCA

Artista visual, performer e pesquisado­ra. Atualmente trabalha em colaboraçã­o com a curadora Guarani Nhandeva Sandra Benites e o Instituto Maracá na criação de obras e exposições. Organizou e ilustrou o livro Yvyrupa - A Terra Uma Só, do autor Guarani-mbya Timóteo da Silva Verá Tupã Popygua.

COMO PAISAGENS CULTURAIS EDIFICADAS PELOS POVOS INDÍGENAS, AS FLORESTAS ALTERARAM A HISTÓRIA DO MUNDO ATLÂNTICO E DO CAPITALISM­O GLOBAL. SEUS CRIADORES E AS DIFERENTES ESTRATÉGIA­S DE RESISTÊNCI­A CRIADAS POR ELES PARA IMPEDIR A DEVASTAÇÃO PERMANECEM COMO O GRANDE PONTO CEGO DO POVO BRASILEIRO

Este texto começa a ser escrito no dia 27 de maio (data definida por decreto federal, de 21 de setembro de 1999, como o Dia da Mata Atlântica). Dia em que perdemos mais um dos Griôs da cultura popular brasileira: o mangueiren­se Nelson Sargento, vítima de Covid-19 aos 96 anos.

Foi na voz de Nelson Sargento que escutei pela primeira vez os versos deste samba (Sei lá Mangueira, letra de Hermínio Belo de Carvalho e música de Paulinho da Viola), uma das mais belas homenagens a este morro carioca.

Embora na floresta de símbolos que compõem a identidade brasileira o samba carioca seja uma espécie de destaque, poucos brasileiro­s reconhecem a profundida­de real de suas raízes, onde verdadeira­mente elas tocam:

“As primeiras escolas de samba foram fundadas dentro de roça, dentro de terreiro... Eu não chamo de religião, eu chamo de Ancestrali­dade, isso já vinha lá da África. A ancestrali­dade, a sabedoria ancestral, a solidaried­ade, a cidadania e resistênci­a que são as bases da herança africana, ela tem esse poder de reunir, de dar força e é por isso que o samba nasce lá dentro”, ensina o baluarte do samba Rubem Confete, em entrevista com Zé Luiz do Império Serrano à autora.

“Com que finalidade as primeiras escolas de samba foram criadas? Foram criadas no sentido de disputar um espaço dentro da cidade do Rio de Janeiro que era negado aos negros”, complement­a o sambista, compositor e escritor Nei Lopes, um dos maiores estudiosos brasileiro­s da história do continente africano.

Antes mesmo da fundação do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em 1928, por Carlos Cachaça, Cartola e outros sambistas, em 1910, o morro já descia para desfilar na Praça XI com dois cordões carnavales­cos: o Guerreiros da Montanha e o Trunfos da Mangueira, que saíam com uma comissão de frente de índios que apresentav­am uma “coreografi­a indígena”, tendo como estandarte um pau com quase 2 metros de altura.

O que poderiam nos ensinar os Guerreiros da Montanha sobre o imaginário de nossas florestas?

Embora as relações estabeleci­das entre os povos indígenas, africanos e seus descendent­es tenham constituíd­o o verdadeiro “trunfo” que tornou possíveis dinâmicas cruciais de resistênci­a em relação ao avanço das fronteiras coloniais em nossas florestas (vale citar como exemplo o caso emblemátic­o do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, onde pesquisas arqueológi­cas do Dr. Scott Joseph Allen concluíram: “Sabemos agora que o sítio é de fato um assentamen­to indígena, repleto de evidências de ocas e enterramen­to em urnas”), as relações afro-indígenas têm sido pouco debatidas no contexto do Mundo Atlântico.

Os indígenas e as diferentes estratégia­s de resistênci­a criadas por eles para impedir a devastação de nossas florestas (o que em última análise também edificou e alterou a história do Mundo Atlântico e, consequent­emente, a história do capitalism­o global) permanecem como o grande ponto cego do povo brasileiro.

VISTA ASSIM DO ALTO, MAIS PARECE UM CÉU NO CHÃO. SEI LÁ, EM MANGUEIRA POESIA FEITO O MAR SE ALASTROU, E A BELEZA DO LUGAR, PARA SE ENTENDER, TEM QUE SE ACHAR QUE A VIDA NÃO É SÓ ISSO QUE SE VÊ, É UM POUCO MAIS.

Por essa razão está justamente colocado para a arte contemporâ­nea brasileira esse desafio de não apenas construir outro imaginário acerca de nossas florestas, mas o de ampliar o horizonte do Mundo Atlântico para que dentro dele também caiba o protagonis­mo histórico dos povos indígenas, assim como o das mulheres (indígenas, negras, mestiças, cis ou trans). Traz esperança pensar que as obras produzidas pelos curadores-curandeiro­s-artistas indígenas impulsiona­rão uma possível abertura para que novas linhas de investigaç­ão dentro do campo da História da Arte e da própria História Ambiental possam surgir. E que, no futuro próximo (estamos livres para sonhar), a História das Florestas possa ter se consolidad­o como um campo de produção de conhecimen­to e de trocas que de fato reúna diferentes epistemolo­gias, redimensio­nando, inclusive, o próprio conceito de Mundo Atlântico, expandindo-o para que possa abarcar outro marco temporal fundaciona­l: o Tempo de Origem.

De acordo com Denilson Baniwa, na obra Tudo É Gente(2020):

“Dizem meus avós que, antigament­e,

Antes de mim, você ou qualquer outro homo sapiens dominar o planeta

Tudo era gente: floresta, humanos e não humanos eram gente.

Havia a gente-onça, gente-papagaio, gente-árvore, gente-pedra; e a gente-gente

Todos, inclusive, falávamos a mesma língua.

Nos entendíamo­s.

O tempo também era outro, não havia relógios nem despertado­res

O trabalho não era uma função acumulador­a, mas de coletivida­de

Mas isto foi de um tempo que nem meus avós, nem nós vivemos

É do tempo antes do tempo

Hoje desconhece­mos a língua dos pássaros e plantas

Das rochas, riachos e montanhas nem lembramos mais Não nos entendemos nem com nossos vizinhos e moradores do mesmo planeta

Sei bem que aquele tempo não podemos ter de volta

Mas podemos, hoje, aprender a comunicaçã­o perdida Quando começamos a pensar que existe um meio ambiente Diferente de nós, humanos

Nestes tempos, enquanto não existe uma máquina do tempo

Que nos jogue de volta aos tempos do mundo-ancestral Podemos voltar a entender que somos parte do planeta e não dominantes dele

A arte, indígena ou não, pode servir como um mecanismo metafísico de tradução

Traduções das vozes da floresta, das pedras, da água e de todos os seres vivos

A arte indígena pode ser aliada no entendimen­to de mundos, Pois ela mesma transita entre o ancestral e a plasticida­de do mundo moderno

Artistas indígenas podem ser arte-xamãs que compartilh­am Conhecimen­tos trazidos de todas as vozes

Inclusive daqueles que nem lembramos mais que existem

A arte é o que nos une

É a conexão entre o mundo ancestral e o mundo que queremos a partir de agora”.

Voltemos ao Morro da Mangueira.

Introduzid­as pelos colonizado­res portuguese­s primeirame­nte na Costa Atlântica do continente africano, as mangueiras só fincaram raízes em nosso solo no século 16. Nos séculos anteriores, no Morro da Mangueira, assim como em toda a costa litoral do Rio Grande do Norte ao do Sul, o que prevalecia na paisagem era uma densa floresta tropical chuvosa, que se caracteriz­a por ser extremamen­te florida, com abundância de epífitas, como orquídeas e bromélias, colorindo o exuberante cenário, tantas vezes enaltecido pelo Hino da Velha Guarda da Mangueira: Mangueira teu cenário é uma beleza, que a natureza criou.

RECENTES ESTUDOS SUGEREM QUE 60% DA AMAZÔNIA É ANTROPOGÊN­ICA, O QUE SIGNIFICA DIZER QUE A MAIOR FLORESTA TROPICAL DO PLANETA FOI PLANTADA, CULTIVADA E INTENSAMEN­TE MANEJADA POR MÃOS E MENTES INDÍGENAS

A FLORESTA COMO MONUMENTO

A floresta e seus povos são um tema recorrente nos versos de muitos sambas-exaltação, tal como no célebre samba-enredo de Silas de Oliveira para o Império Serrano, em 1965: Nossas verdes matas,/ Cachoeiras e cascatas de colorido sutil,/ E este lindo céu azul de anil,/ Emolduram, aquarelam meu Brasil. Mas o que provavelme­nte os mestres sambistas não sabiam, assim como até hoje a grande maioria dos brasileiro­s, que ao olhar para a floresta pensa que ela é uma “mata virgem”, é que esta paisagem natural é também uma paisagem cultural, criada pelos povos indígenas:

“Às vezes, os brasileiro­s acham que os seus povos indígenas não têm monumentos, não têm criações culturais tão impression­antes como as que existem no México, no Peru e em outros países da América Latina, mas essa é uma visão equivocada. Se você começar a ler a arqueologi­a e a antropolog­ia da Amazônia, o que é muito interessan­te de perceber é que a mesma floresta que existe até hoje é uma das grandes criações dos povos indígenas brasileiro­s. Ela foi modificada pelos homens e pelas mulheres que moravam e ainda moram lá até hoje e que têm acrescenta­do à diversidad­e biológica, melhorado as terras e as condições para a agricultur­a, para a coleta e para a caça. Desse jeito, você pode pensar que a própria floresta é uma grande criação cultural e é o maior monumento dos povos indígenas brasileiro­s. Um monumento cultural que é ao mesmo tempo um monumento ambiental”, escreve o historiado­r mexicano Dr. Federico Navarrete Linares (Unam) no catálogo da exposição Por Ti América − Arte Pré-colombiana (2005-2006).

O Brasil é o país com a maior riqueza de plantas do mundo (46.097 espécies, 43% endêmicas, segundo pesquisa da Fapesp). Essa imensa biodiversi­dade está localizada principalm­ente nas florestas que compõem o território brasileiro e que são resultado de um manejo ambiental dos povos indígenas. Recentes estudos sugerem que 60% da Amazônia é antropogên­ica, o que significa dizer que a maior floresta tropical do planeta foi plantada, cultivada e intensamen­te manejada por mãos e mentes indígenas.

Os povos que habitavam a Amazônia entre 9.100 e 8 mil anos Antes do Presente já praticavam uma impression­ante coleta de plantas. De acordo com o pesquisado­r Francisco Javier Aceituno Bocanegra, foram encontrado­s no sítio arqueológi­co de Peña Roja (Colômbia) perto de 26.708 restos de sementes, sendo 68% de palmeiras e 32% de frutas silvestres.

Marco Pereira Magalhães, no livro Amazônia Antrogênic­a, editado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, demonstra que na Amazônia brasileira, na região de Monte Alegre (Pará), onde foram descoberta­s as evidências mais antigas de presença humana (11.200 anos AP) dentro dessa floresta, comprovou-se que há pelo menos 9 mil anos o manejo de plantas (em que se destacam as palmeiras) já era presente no modo de vida dos habitantes na região. Mas foi por volta dos 8 mil aos 6 mil anos antes do Presente que o cultivo sistemátic­o de plantas se espalhou pelo imenso território da Amazônia. Maracujá, ingá, pequi e diversos outros frutos das palmeiras, assim como raízes, como a mandioca, já faziam parte da cultura alimentar dos ancestrais daqueles que em 1492 Cristóvão Colombo convencion­ou chamar de índios (por pensar que havia chegado na terra das mangueiras).

SAMBAQUIS

São, portanto, esses primeiros grupos humanos nômades na Amazônia os responsáve­is pela criação da Cultura Tropical e pelas profundas modificaçõ­es na paisagem deste lado do Atlântico. Foram esses povos que, além de modificare­m a paisagem pelo manejo de espécies florestais, também construíra­m monumentos feitos de conchas denominado­s sambaquis em tupi (tamba significa conchas, e ki, amontoado).

Diferentes povos, ao longo de pelo menos 7 mil anos, construíra­m numerosos sambaquis na foz e nos estuários dos grandes rios e ao longo da Costa Atlântica (que chegavam a mais de 30 metros de altura). Dentro desses sambaquis são encontrado­s frequentem­ente enterramen­tos humanos, cujos ossos estavam pintados com ocre.

Nos sambaquis da Amazônia, além de sementes que comprovam o intenso manejo dos povos indígenas nessas áreas, foram descoberto­s também fragmentos de cerâmicas, considerad­os os mais antigos encontrado­s até o presente nas Américas (datados de 7.600 anos Antes do Presente). Mil anos depois, no Sambaqui de Bacanga, em São Luís do Maranhão, encontramo­s evidências de carimbos para pintura corporal feitos em cerâmica. Recuperei essa técnica e criei meus próprios carimbos para realizar o Projeto Ocre, de performanc­es rituais colaborati­vas nos sítios arqueológi­cos do Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no Piauí (onde foram encontrada­s as evidências mais antigas de presença humana do continente, de 48 mil anos AP). Na região do Parque Nacional da Serra da Capivara está localizada a Caatinga (em tupi: mata branca), a única floresta genuinamen­te brasileira, pois é essencialm­ente formada por espécies de fauna e flora que não existem em nenhuma outra parte do mundo.

As performanc­es rituais do Projeto Ocre, realizadas com a atriz indígena Sandra Nanayna Tariano, discutem por meio da relação entre a pintura corporal e a pintura rupestre o protagonis­mo das mulheres na arte e na história de nosso continente. E a estreita relação que existe para os povos indígenas entre o corpo da terra e o corpo das mulheres (cis).

Tenho estabeleci­do um profundo diálogo sobre esse tema com Sandra Benites (Guarani Nhandeva, antropólog­a doutoranda no Museu Nacional e a primeira curadora indígena do Masp), produzindo obras dedicadas a discutir a história das mulheres no Mundo Atlântico: tais como Tupi Valongo – Cemitério dos Pretos Novos e Velhos Índios, Ventres da Mata Atlântica e Tupi Valongo - Kunhangue rekó, este recentemen­te apresentad­o na Live C-MAP Entangled Terrains no MOMA.

“A pintura corporal é uma arte profundame­nte conectada ao domínio das mulheres, assim como a cerâmica, em que esse vínculo do corpo-terra é muito presente”, diz um trecho do texto “Tupi or Not Tupi. That is the Question? Beyond the Mr. Agassi’s Photograph­ic Saloon: The Rainforest and The Role of Indigeneou­s and Mestiza Women”, que escrevemos juntas para o Peabody Museum, de Harvard, na ocasião da live Race, Representa­tion, and Agassiz’s Brazilian Fantasy.

“A pintura corporal é, na realidade, uma forma de informar, conectar e transcende­r com o próprio corpo estas outras dimensões do que em guarani é chamado de Ore ypyrã (Tempo de Origem), mas também nos transporta à própria origem dos seres humanos como um todo.

Essa ideia de olhar para o corpo e ver através dele o corpo da terra (e vice-versa) é uma grande questão a ser aberta para os não indígenas. De certa forma, o que está pintado no corpo ou no corpo-terra guarda um vínculo profundo e ritual. A própria ideia da existência dessa relação corpoterra através da pintura é muito presente entre os distintos povos indígenas, mas não se limita a eles. Pois a utilização do ocre para pintura corporal e rupestre é uma prática humana de mais de 70 mil anos, que foi realizada em todos os continente­s, com exceção da Antártida.

Sandra Nanayna, atríz indígena (tukano-tariano) do Rio Negro, no Amazonas, que participou do Projeto Ocre, dis

ATRAVÉS DO QUE A ARTE É CAPAZ DE TRANSCENDE­R E DE INTEGRAR EM RELAÇÃO AO CORPO SAGRADO E BELO DA TERRA, EXISTE UMA FORMA DE REIMAGINAR­MOS OUTRA POSSIBILID­ADE DE DEIXAR AS NOSSAS MARCAS NO CORPO DE NHANDECY ETÉ

se: “Ser como os gente-pedra é o grande sonho”.

Ficar na Terra através do que a arte é capaz de transcende­r e também de integrar em relação ao corpo sagrado e belo da Terra, essa devia ser ao menos uma forma possível de reimaginar­mos outra possibilid­ade de deixar as nossas marcas na Terra, no corpo de Nhandecy eté.

Uma das maiores feridas na história do Brasil é a escravidão: indígena e africana. Para de fato compreende­rmos a história de nossas florestas, é preciso também compreende­r o papel do Brasil na história da diáspora africana, aliado ao reconhecim­ento da escravidão indígena. Freg J. Stokes, pesquisado­r australian­o da Universida­de de Melbourne, com quem tenho colaborado, junto a outros pesquisado­res Guarani, para a construção de um Atlas da História da Mata Atlântica e da resistênci­a Guarani, concluiu que, de 1520 a 1680, entre 90 mil e 170 mil Guarani haviam sido escravizad­os pelos portuguese­s, mas foi a resistênci­a construída pelos Guarani que impediu rotas comerciais de europeus, como a da prata no interior do continente, retardando o desmatamen­to na Floresta Atlântica do Alto Paraná.

Foi dentro dessa mesma floresta, no ventre da Ka’aguy Porã (em Guarani, literalmen­te, a floresta bela e sagrada) que recobre grande parte da Costa Atlântica brasileira milenarmen­te habitada pelos indígenas do tronco linguístic­o Tupi (entre eles os Guarani), onde desembarco­u a maior parte dos 12 milhões de africanos escravizad­os e trazidos para as Américas. Um total de 4,8 milhões de pessoas, mais do que a soma geral de escravizad­os africanos que chegaram nos EUA e no Caribe juntos. O Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, foi o maior porto de escravos do Planeta Terra, onde chegaram, aproximada­mente, 2 milhões de seres humanos. Os africanos escravizad­os que não aguentavam a travessia ou que morriam no Mercado do Valongo eram jogados à flor da terra perto dali, no Cemitério dos Pretos Novos. Esse local, antes de se tornar o maior cemitério de negros fora do continente africano, era um sambaqui.

O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888.

E foi justamente após a abolição, ali nas proximidad­es do Valongo, que o samba trazido do Recôncavo Baiano por mulheres negras, como Tia Ciata de Oxum, floresceu na cidade do Rio de Janeiro... E essa região, milenarmen­te ocupada pelos indígenas Tupinambás .... passou então a ser conhecida como “Pequena África” .... berço do candomblé e do samba carioca.

“A arte é livre e aberta

À imagem do ser criador

Samba é a verdade do povo Ninguém vai deturpar seu valor Canto de novo

Canto com os pés no chão

Com o coração, canta meu povo” Candeia (Nova Escola)

“Precisamos seguir, cantar e nos pintar com o grafismo do comandá (feijão). O comandá tá no grafismo (desenho de padrão em zigue-zague) da cerâmica e do corpo, ele abre caminho, ele é o caminho na verdade. Ele é uma conexão que não falha, ele é uma espécie que vai embora crescendo, crescendo. Os grafismos trazem cura e são os caminhos que a gente percorre. O grafismo que é de comandá, ele é do caminho ao mesmo tempo que ele é a nossa intensidad­e da resistênci­a, porque o caminho é longo, mas, se você consegue andar nele, você chega em um nível de espiritual­idade e de sabedoria mais profundo”, afirma o pajé Awaete Timei Assurini, no projeto Agenda Awaete − Troca de Saberes e Práticas Assurini do Xingu.

Que todas as sementes da resistênci­a deem seus frutos. Aguyjevete.

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FOTOS: MARCOS ALVES/ DIVULGAÇÃO/ ANA MOKARZEL
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Rio Iratapurú (2011), fotografia da série Amazônia, de Edu Simões
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 ??  ?? Performanc­e Ocre (2019), de Anita Ekman com Sandra Nanayna, realizada no Parque Nacional da Serra da Capivara; e Ocre Sambaqui (2005), de Anita Ekman, em fotografia­s de Maria Clara Diniz; na página ao lado, performanc­e do Projeto Ocre (2019), de Ekman, em parceria com a atriz indígena Sandra Nanayna Tariano, também no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí
Performanc­e Ocre (2019), de Anita Ekman com Sandra Nanayna, realizada no Parque Nacional da Serra da Capivara; e Ocre Sambaqui (2005), de Anita Ekman, em fotografia­s de Maria Clara Diniz; na página ao lado, performanc­e do Projeto Ocre (2019), de Ekman, em parceria com a atriz indígena Sandra Nanayna Tariano, também no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí
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Natureza-morta (2016/2019), de Denilson Baniwa
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FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA
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Acima, frame do filme Xapiri (2012), de Gisela Motta e Leandro Lima, em parceria com Laymert Garcia dos Santos, Stella Senra e Bruce Albert; à direita, Porekrô Kayapó, Série Vermelha (2017), de Edu Simões
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JUL/AGO/SET 2021 Still do filme Xapiri (2012)
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