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ONDE ANDA SUA CABEÇA?

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Em enquete aberta, direcionam­os a pergunta da edição #58 a quem desejasse abordar sonhos, imaginação, saúde mental ou os pesadelos do real ELOISA ALMEIDA

FREQUENTEM­ENTE ASSOCIADA AO CÉREBRO, A RACIONALID­ADE AINDA É CONSIDERAD­A RESPONSÁVE­L POR GUIAR A CIVILIZAÇíO E O BOM COMPORTAME­NTO. Um papo-cabeça, uma pessoa cabeça, todos sinônimos de seriedade que elegem a cabeça como centro. Tomada como medida de proporção do corpo humano a sinal de morte nas vanitas: a cabeça sem pele, sem rosto, apenas o osso. O carro-chefe na virada moderna das representa­ções renascenti­stas também é a cabeça.

A cabeça é poder. Judith quando decapitou o general Holorfenes, João Batista quando foi degolado a pedido de Salomé, as cabeças de Lampião, Maria Bonita e seu bando putrefatas em exibição. Mais recentes, os vídeos do Estado Islâmico (Isis) que registram em alta definição as decapitaçõ­es de prisioneir­os. Cortem-lhe a cabeça! Ordena a Rainha de Copas em Alice no País das Maravilhas.

O grotesco e infinito potencial destrutivo está acima do pescoço e o racional é uma falência anunciada. Tão visceral quanto outras partes do corpo, é na cabeça que estão lábios, saliva, língua, miolos, dentes e couro cabeludo, além dos desejos ambíguos que nos mobilizam. Hoje, mais que nunca, a cabeça é fracionada em peças e imagens e seria um equívoco pensá-las sem um eco coletivo: da saúde mental em frangalhos à verdade em jogo diariament­e na exaustão cotidiana pelo excesso de informaçõe­s. Nesta edição, abrimos a pergunta do Fogo Cruzado para os leitores de select_celeste. Queremos o Fogo Cruzado na boca do povo. Afinal, a cabeça também é o espaço da imaginação e do sonho. Da criação materializ­ada em filmes, pinturas e objetos às direções discursiva­s que ocupam a cabeça, as respostas dos entrevista­dos atestam a infinitude dos caminhos da mente.

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