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Este ano, que agora se inicia, vai ser marcado, em termos políticos, por duas eleições. As legislativas poderão ser um novo baralhar do jogo, tendo em conta o resultado das últimas eleições autárquicas. Em relação às presidenciais tudo aponta para uma luta final entre José Maria Neves e Carlos Veiga.
OPresidente da República acaba de marcar, a data das eleições legislativas para 18 de Abril e as presidenciais para 17 de Outubro, cumprindo assim os ditames da lei, nomeadamente no sentido de haver um espaço de seis meses entre as legislativas e presidenciais.
Antes das últimas eleições autárquicas, o MpD, que cedo começou a dar mostras de algum desgaste justificado pelos seus dirigentes e militantes por três anos de seca consecutivas e pela pandemia da covid-19, estava, no entanto, confiante na renovação do mandato nas legislativas deste ano.
Porém, as coisas mudaram de feição e, no seio do partido, nota-se um certo frenesim motivado pelos resultados pouco satisfatórios nas eleições autárquicas, principalmente com a derrota na Praia. Com este cenário, não é tão líquido que o MpD venha a renovar o mandato, como era expectável. Por isso, nas hostes ventoinhas, reina, neste momento, o espírito de conclamação geral, no sentido de se voltar ao que alguns já chamam “voltar para trás”.
Mas para o PAICV, os resultados das últimas eleições municipais constituíram um catalisador. Destroçado em 2016, os resultados das autárquicas, principalmente na Praia e outros pontos de Santiago, deram a esse partido uma nova energia e motivação. Resta agora saber se os tambarinas terão capacidade para sarar as feridas internas no sentido de poderem aproveitar uma certa onda de viragem que se vislumbra.
A UCID, que também se reafirmou como segunda força política em São Vicente, nas últimas eleições autárquicas, também pretende melhorar o seu score nas próximas eleições legislativas, no sentido de poder conquistar pelo menos mais dois deputados para poder constituir um Grupo Parlamentar na Assembleia Nacional.
O Partido Popular (PP) e o Partido Social Democrata (PSD) devem, também, participar nas próximas eleições legislativas que deverão acontecer entre Março e Abril deste ano.
Presidenciais
Ao contrário daquilo que aconteceu em 2016, as próximas eleições presidenciais de 17 de Outubro deverão contar com pelo menos meia dúzia de candidatos. Contudo, até este momento, apenas Hélio Sanches já manifestou publica
mente a sua intenção de entrar na corrida presidencial.
José Maria Neves
José Maria Neves também deixou entender, nas entrelinhas, de que também é candidato.
O antigo primeiro-ministro parece ser o candidato natural do PAICV, enquanto que no MpD há ainda algumas incógnitas.
Hélio Sanches
Hélio Sanches preferiu jogar na antecipação perante uma certa reticência de Carlos Veiga, que tarda em se pronunciar sobre o assunto. Enquanto isso, Jorge Santos fica à espreita para ver se haverá condições para avançar na corrida ao palácio do Platô.
Hélio Sanches, anunciou oficialmente, no início do mês de Dezembro de 2020, a sua candidatura às próximas eleições presidenciais. Este deputado do MpD respondeu positivamente ao apelo de um grupo de cidadãos que o querem ver na Presidência da República, que se designou Movimento de Apoio à Candidatura de Hélio Sanches a Presidente da República (MACHS).
Para os promotores da referida candidatura, é preciso ter na Presidência alguém que se preocupe com os “valores humanísticos” e lute para que estes sejam como “essenciais para a coesão e justiça social”.
Carlos Veiga
Por outro lado, Carlos Veiga que, em Fevereiro de 2020, tinha admitido a sua candidatura à Presidência da República, logo após ter cessado as suas funções de embaixador de Cabo Verde em Washington, foi mais comedido, nove meses mais tarde, quando foi instado pelos jornalistas sobre a possibilidade de entrar nessa corrida.
Em Novembro passado, à margem das comemorações do 30º aniversário da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), Veiga nem confirmou, nem negou, a hipótese de se candidatar, admitindo que as coisas estão a andar. “Não sei dizer. As coisas estão a andar. É uma pergunta que não quero responder ainda”.
Na mesma ocasião, José Maria Neves foi mais claro ao afirmar que em Dezembro deveria comunicar ao país a possibilidade de se candidatar nas próximas eleições presidenciais. Contudo, esse anúncio ainda não foi feito.
“É muito provável que ainda esse ano faça uma declaração sobre uma eventual candidatura. Neste momento, como tenho dito, é mais sim essa possibilidade de me candidatar a Presidente da República. De todo modo, ainda temos eleições legislativas, vai haver muita turbulência. É preciso dar sossego aos partidos para prepararem as eleições”, admitiu.
O antigo primeiro ministro realçou, no entanto, que se decidir pela candidatura, fará um “mero” anúncio, deixando a apresentação das linhas gerais para depois das legislativas, para que se evite “contágio” e “sobreposição”.
Outros presenciáveis
Para além da participação de Joaquim Monteiro, que confirmou ao A NAÇÃO que é candidato, as próximas eleições presidenciais poderão contar com as candidaturas de Péricles Tavares, Daniel Medina e Marcos Rodrigues. Numa disputa cada vez mais marcada pelos meios financeiros e de apoio da máquina partidária, entre a vontade (ou a fantasia) de ser Presidente da República e a realidade vai uma apreciável distância.