A Nacao

Cabo Verde apanhado em relações perigosas com extrema-direita portuguesa

- Daniel Almeida e José Vicente Lopes

O Estado de Cabo Verde tem como cônsul honorário na Florida, Estados Unidos da América (EUA), o cidadão português Caesar DePaço, financiado­r-mor do partido CHEGA! A rede de interesses desse e outros elementos ligados a essa formação da extrema-direita portuguesa passa, igualmente, por uma empresa de segurança privada que já presta serviços ao Estado cabo-verdiano. Luís Filipe Tavares foi obrigado a demitir-se, mas há outros envolvidos nessa teia.

Opaís ficou de queixo caído, na noite de segunda-feira, ao tomar conhecimen­to, através de uma reportagem do canal SIC, Portugal, sobre as “catacumbas” do partido CHEGA, que Cabo Verde tem como cônsul-honorário em Palm Coast, Florida, o empresário português Caesar DePaço.

Este empresário é tido como um dos principais financiado­res daquela formação da extrema-direita, conhecida pela sua hostilidad­e aos ciganos e aos imigrantes africanos.

Também a mulher DePaço, a italiana Deanna Padovani, é cônsul honorária do nosso país em New Jersey.

Esta é a primeira vez que Cabo Verde nomeia um casal, marido e esposa, para cargos de cônsul do país, em simultâneo, e para Estados diferentes dos EUA, o que, segundo uma fonte diplomátic­a, pode ser considerad­o um caso de “tráfico de influência e de corrupção”.

Facto também inédito é que, apesar de simples cônsul honorário, Caesar DePaço e a esposa foram recepciona­dos à sua chegada, há poucos dias, no aeroporto da Praia, com guarda de honra prestada pelas Forças Armadas.

Companhia

A acompanhar o casal estiveram vários outros elementos do CHEGA, um deles o seu vice-presidente José Lourenço e o ex-líder da claque do FC do Porto, os Superdragõ­es, Fernando Madureira. Este “empresário” da noite do Porto está ligado a vários casos de violência, envolvendo extorsões, agressões e outras situações. Tanto assim que se encontra oficialmen­te afastado dos Superdragõ­es.

Várias fotografia­s mostram o casal DePaço, na companhia de Lourenço, Madureira, entre outros figurantes, em encontros com Ulisses Correia e Silva, Luís Filipe Tavares, Fernando Elísio Freire e Carlos

Veiga. Há até cenas de brindes com champanhe, como manda o figurino, curiosamen­te, “postadas” pelos próprios integrante­s da comitiva.

Aliás, depois de essas relações perigosas se terem tornado públicas, Luís Filipe Tavares revelou à Inforpress, na terça-feira, que o nome de Caesar DePaço para cônsul honorário de Cabo Verde na Florida, foi-lhe indicado pelo então embaixador do nosso país nos EUA, ou seja, Carlos Veiga.

E voltou a defender a escolha: “Ele foi cônsul de Portugal durante muitos anos e acho que esta polémica tem mais a ver com questões de política externa em Portugal”, disse.

Em comunicado, a despedir-se do MNEC, Tavares diz ter agido sempre em boa fé, na busca do melhor para Cabo Verde.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde