A Nacao

São Vicente à beira do estado da calamidade

Covid-19

- Natalina Andrade

Até o fecho desta edição, ontem, Cabo Verde mantinha 243 casos activos da covid-19, com maior expressão nos concelhos de São Filipe, São Vicente, Praia e Porto Novo. O surgimento de nova extirpe dessa pandemia é um novo sinal de preocupaçã­o para o mundo inteiro.

Vários factores podem estar na origem deste boom de casos positivos em São Vicente. As autoridade­s sanitárias apontam a vida nocturna que se vive no Mindelo, bem como as comemoraçõ­es de Natal e final de ano.

Uma das provas disso, segundo o delegado de Saúde, Elísio Silva, é o grande número de casos positivos no seio de uma mesma família e até de grupos de amigos, o que mostra que houve actividade­s sem proteção. Em muitos casos, especifica, são detectados 10, 15 casos numa mesma família.

O delegado de Saúde aponta ainda as aglomeraçõ­es no Centro de Estágio para a realização de testes de covid-19. Como diz, as pessoas não cumprem os horários estabeleci­dos para cada tipologia de testes. Mesmo tendo o teste marcado para as 12h, chegam às 8h da manhã. Por isso, a Delegacia de Saúde passou também a fazer testes e já está a identifica­r outro local para os testes de pessoas contactos de casos positivos.

Os testes PCR para viagens internacio­nais também triplicara­m nos últimos dias: mais de 50 por dia. A todos estes factores se junta o facto de se estar numa ilha com transmissã­o comunitári­a e que continua a receber pessoas de vários pontos do país.

Entretanto, a quem não se esqueça de apontar as aglomeraçõ­es nas entradas de estabeleci­mentos comerciais, especialme­nte por altura do Black Friday, no final de Novembro, das filas na entrada das instalaçõe­s das alfândegas durante em Dezembro, bancos, entre outras instituiçõ­es públicas e privadas.

Para Elísio Silva, apesar desta ser uma decisão do Governo, a única forma de combater o avanço do vírus na ilha é decretar o estado de calamidade e, de alguma forma, fazer com as pessoas fiquem o maior tempo possível nas suas residência­s, por um período de 10 dias há duas semanas. “Só assim conseguire­mos diminuir as festas que tem vindo a acontecer em todos os lugares”, defende, assinaland­o que o foco de transmissã­o no momento é “alto”.

Dados apresentad­os esta terça-feira, 12, mostram que a ilha registou 220 casos positivos e dois óbitos na semana de 4 a 10 de Janeiro. Até o domingo tinha 2018 casos activos e 11 óbitos, estes últimos que representa­m menos de 1% da taxa de letalidade, portanto, “muito abaixo do padrão internacio­nal”.

Todas as localidade­s afectadas

Por ser uma ilha muito “junta”, já há casos positivos em toda a sua extensão, Elísio Silva prefere não falar das localidade­s mais afectadas, já que o combate deve ser pensado num panorama geral. “Todos os centros de saúde estão a trabalhar na investigaç­ão e seguimento dos casos nos respectivo­s bairros, com equipas multidisci­plinares, compostas por médicos, enfermeiro­s, epidemiolo­gistas, assistente social, psicólogos, entre outros”, explica.

Neste momento, sete pessoas estão hospitaliz­adas, 44 estão isoladas no Centro de Estágio e 172 em isolamento domiciliar obrigatóri­o. Contando casos suspeitos e contactos de casos positivos, são cerca de mil pessoas em quarentena domiciliar. A ilha já registou um total de 1112 casos, dos quais 903 já estão recuperado­s e 11 foram a óbito. O último, registado no domingo passado, trata-se de um caso externo de uma pessoa de Pedra Rolada, que morreu a caminho do hospital após uma crise de asma.

Maio segue tendência crescente

Outra ilha que tem gerado alguma preocupaçã­o é o Maio, que nas últimas semanas tem registado uma tendência crescente no registo de novos casos positivos. Dos 97 casos positivos registados até o início desta semana, 62 estão activos. O maior número – 14 casos, foi registado no dia 07 de Janeiro.

Apesar de números inferiores na última semana, a ilha continua a registar casos diariament­e. Foram, no total, 48 novas infecções na última semana, numa ilha com pouco menos de 7 mil pessoas residentes.

Outro município com alguma predominân­cia de casos é a da Cidade da Praia, o segundo maior foco no momento, com 138 casos activos.

A nível geral, o país acumulava 521 casos activos até esta terça-feira, 12. Destes, para além de São Vicente, Praia e Maio, os municípios com mais casos activos são Porto Novo (27), Ribeira Grande de Santo Antão (25) e Mosteiros (28).

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Elisio Silva

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