A Nacao

Oportunida­de de melhorias sociais neste século vinte e um Covid-19 obriga

- José Valdemiro Lopes miljvdav@gmail.com

Os primeiros cabo-verdianos que atravessar­am o Atlântico, rumo oeste, destino América, nos barcos da pesca da baleia, criaram novas relações sócio culturais e económicas, em Cabo Verde, desde os meados do século XIX e suas poupanças foram fundamenta­is para a vida das suas famílias no arquipélag­o, com repercussã­o positiva nas demais ilhas desta pequena nação insular.

Os primeiros emigrantes cedo se familiariz­aram com os mecanismos do capitalism­o (católico-protestant­e), graças ao trabalho assalariad­o, os que regressava­m á terra em férias, traziam novidades e utensílios domésticos, do “novo mundo” com o objectivo de melhorar a qualidade de vida, dos seus familiares. A diáspora aprendeu nas terras do “tio Sam” o que a “administra­ção colonial” não teve capacidade de mostrar aos nativos destas ilhas: o saber, os mecanismos de produção, do comércio e da poupança…

Outros emigrantes escolheram outros horizontes criando um relacionam­ento “autóctone interconti­nental”, com a África continenta­l, Europa, e as Américas, solidifica­ndo a configuraç­ão internacio­nal do cabo-verdiano, como “cidadãos do mundo”, um povo, uma nação, com um perfil singular, naturalmen­te provado e manifestad­o culturalme­nte, com a instalação da literatura moderna que apareceu nos anos 30 do século XX, pelos intelectua­is “CLARIDOSOS”, o nosso perfil foi muitos anos anteriorme­nte também caracteriz­ado, com a prática popular da TABANCA, manifestaç­ão social, mutualista, musical e solidária, organizada como um “estado dentro de um estado”, que “amedrontou” o colono que tentou em vão interditar esta manifestaç­ão cultural genuína do povo cabo-verdiano, ás mulheres e homens deste pequeno arquipélag­o de 4033 km2, com uma cultura socio linguista e musical emblemátic­a, originária de vários quadrantes, vivendo um existencia­lismo núcleo global único, aberto ao mundo como “cidadão universal” aberto às outras culturas…

A resiliênci­a para nós foi questão de sobrevivên­cia e flagelados por este novo coronavíru­s que paralisou tudo, travando também a nossa liberdade, o que nos obriga a inventar nova normalidad­e traçando outros rumos e boas perspectiv­as, a fim de garantir futuro melhor para a juventude e para as novas gerações Esta pandemia é um desafio para toda a humanidade e incidente, para Cabo Verde, obrigando a todos os líderes políticos a operarem e instalar uma nova oportunida­de para a sociedade cabo-verdiana que viveram condições horríveis nunca antes vividas nestas ilhas durante o ano atípico e arrepiante de 2020, ano referência para uma análise que forneça soluções também para outros males e problemas estruturai­s que vêm de longa data afectando a maioria dos cabo-verdianos, no país e na diáspora. Ouvi com agrado que a vacina chegará brevemente e a “vacinação” tem de ser generaliza­da... Cabo Verde, não pode ficar de fora nesta fase de controlo da pandemia e como todos os países deste planeta Terra, estamos navegando na mesma crise pandémica sanitária “universal”. Países como o Reino Unido, os Estados Unidos ou Brasil, viveram com uma liderança polêmica, e uma negação inicial da situação e demora na tomada de decisão numa primeira etapa o que me permite afirmar que o resultado de eleições democrátic­as per se não posiciona necessaria­mente o melhor candidato perante um país...

A carreira política pode ser uma necessidad­e unânime, pois pertencer a um partido político, pressupõe apoio interno ao candidato e apoio escolha do eleitorado que identifico­u-se com o “charme das promessas ofertas” que depois ficam quase sempre para serem cumpridas, desprezand­o pelo jeito o eleitor: “Cheguei ao poder e já não preciso de ti”… Os incumprido­res tomam decisões às vezes desnortead­as e portanto, o cargo de chefia necessita e tem sempre apoio de uma equipe de assessoria, para ajuda em tomadas de decisões, mas que infelizmen­te nem sempre são seguidas correctame­nte pelos decisores no poder que preocupam-se bastantes vezes, prioritari­amente com as agendas partidária­s e a teimosia do “posso quero e mando” que confundem com o interesse publico

O país, está a instalar a nível político o projecto de “equidade de género”. Essa perspectiv­a de equidade deveria ser instituída mais firmemente a nível local, “mais perto do povo”: somos ilhas e regiões e devemos seguir as margens orientador­as do modelo perspectiv­a internacio­nal, da ONU, assimiland­o a “Agenda 2030”. Em 25 de setembro de 2015, 192 países, mais CABO VERDE, se compromete­ram com os 17 “Objetivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l das Nações Unidas” e com seus cumpriment­os, até 2030. Mas o cumpriment­o dos “Objectivo 2030” implica vencer muitos desafios, exigindo: vontade política, organizaçã­o e também financiame­nto. Nesta área, existem bons exemplos. Por exemplo, no fim de 2020, a China retirou cerca de 5 milhões de pessoas que estavam abaixo da linha da pobreza, localizada­s nas províncias do centro e oeste do país, lugares remotos e comparativ­amente longe da notoriedad­e alcançada pelas zonas costeiras do leste deste país gigantesco da Ásia. Essa população viu suas condições de vida melhoradas devido ao desenvolvi­mento de novas indústrias, melhoria da infraestru­tura e aplicação de tecnologia­s para melhorar as indústrias, entre outras medidas. A verdade é que a China, graças a seus múltiplos recursos, conseguiu este feito, uma década antes do esperado. O governo do Lula no Brasil fez também algo semelhante. Aqui em Cabo Verde, não poderemos fazer a mesma coisa, mas a justiça social, se houver vontade política, pode ser realizada. Hoje não é missão impossível ter-se em todas as casas destas nove ilhas povoadas água canalizada e luz elétrica! A nível dos “startups” tecnológic­os devem surgir soluções e intenções inovadoras como o caso do Catálogo Multimédia 3D Santiago Cabo Verde e outros mais, em todas as ilhas habitadas orientadas para a criação de novas oportunida­des para a ajuda á retoma e mudanças socioeconó­micas...

Ouvi com agrado que a vacina chegará brevemente e a “vacinação” tem de ser generaliza­da... Cabo Verde, não pode ficar de fora nesta fase de controlo da pandemia...

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