Ausência de jogos em Santiago Sul origina debandada de jogadores
UA não realização do Campeonato Regional de Futebol em Santiago Sul na presente temporada, por causa da covid-19, deu origem a uma debandada de jogadores em direcção a outras regiões desportivas. Kelvi Morais e Admar são dois exemplos desta situação invulgar. Kelvi trocou o Boavista pelo Inter Cutelo (Santiago Norte), enquanto que Admar deixou os axadrezados para alinhar pela Académica do Fogo.
m ano depois da chegada da covid-19 a Cabo Verde e que levou à paragem das competições desportivas, eis que o futebol nacional depara-se com uma situação invulgar, envolvendo futebolistas de renome no panorama da modalidade: a debandada de jogadores devido à ausência de competições.
Santiago Sul é das regiões mais afectadas depois de, no passado dia 12 de Fevereiro, os clubes da região terem decidido pela não realização de quaisquer competições do respectivo campeonato regional de futebola da temporada 2020/21.
Os clubes não só alegaram falta de condições financeiras e sanitárias mas também porque não há neste momento infraestruturas disponíveis para a realização dos jogos.
Na sequência dessa medida, os atletas da região saíram às ruas reivindicando a retoma das competições desportivas, ma o certo é que essa reivindicação não foi atendida pelas autoridades competentes.
Diante dessa situação, muitos jogadores acabaram por se transferir para outros campeonatos.
Peso da pandemia
Kelvi Morais e Admar, todos eles já internacionais por Cabo Verde nalgumas ocasiões e também ex-jogadores do Boavista Futebol Clube da
Praia, são alguns dos nomes que compõem a extensa lista de jogadores que acabaram por optar por outros campeonatos.
Admar, 33 anos, alinhou ao longo da sua carreira por clubes como Sporting da Praia e Académica da Praia. Na temporada 2019-2020, encontrava-se ao serviço do Boavista FC e jogar futebol era a sua única ocupação profissional. Com a pandemia, viu-se impossibilitado de jogar futebol e, logicamente, ficou desprovido da fonte de rendimento para a família.
“A pandemia teve um peso enorme porque fiquei muito tempo sem jogar a bola. Desde que iniciei a minha carreira futebolística, nunca esperei que teria esta paragem de uma época inteira. É complicado, ainda mais porque, quando se vive do futebol, há despesas com a família, renda para pagar...”, desabafa.
Já esta época estava esperançoso de que as coisas poderiam melhorar com a retoma desportiva, mas, de novo, viu-se surpreendido e obrigado a deixar a família na Praia, rumando ao Fogo.
Desde a semana passada, Admar encontra-se a treinar com a Académica do Fogo, tendo inclusive já disputado um jogo. A oportunidade, segundo conta, surgiu após um contacto dos dirigentes da Micá da Ilha do Vulcão.
“Foi uma decisão que tomei sabendo que em Santiago Sul o campeonato não se iria realizar. Se ficasse na Praia, ficaria mais uma época parado, então eu tenho as minhas ambições altas. Os dirigentes da Académica do Fogo falaram comigo e apresentaram-me uma proposta e aceitei. Estou há cerca de uma semana aqui”.