Os avales da discórdia
Com as garantias do Governo de continuar a financiar a TACV/CVA, para a sua operacionalização, mesmo estando privatizada, só este ano, o Executivo autorizou dois avales. Um no valor de cerca de 110 mil contos e outro de 440 mil, havendo já promessas de novas injecções de capital, para “salvar” a companhia aérea cabo-verdiana.
Tanto assim é que a polémica dos avales à TACV/CVA aqueceu, inclusive, o primeiro debate das legislativas 2021, com Ulisses Correia e Silva e Janira Hopffer Almada a divergirem quanto aos valores concedidos.
Segundo disse JHA, desde que tomou posse, em 2016, o actual Governo já concedeu 13 milhões de contos, contrariando as promessas da altura de UCS de que o seu governo não ia injectar mais dinheiro na companhia.
“A promessa de não se colocar mais um tostão na TACV/CVA foi em 2018, aquando da assinatura do acordo de privatização. Portanto, teve dois anos para conhecer a casa, fazer as contas e, mesmo assim, prometeu e não cumpriu”, disse.
Já UCS, rebate dizendo que não foram atribuídos 13 milhões, mas sim 9 milhões, porque “está-se a somar avales do tempo do PAICV”.
O mesmo garantiu no debate que não vai “deixar colapsar a companhia porque é importante de mais”, para o país, porque são 330 postos de trabalho em causa e uma “história acumulada”.
Posição diferente tem o Partido Popular (PP). Amândio Barbosa Vicente diz que, se fosse eleito, salvaria a TACV/CVA a nível “interno”, mas que em termos de voos internacionais deixaria a empresa “cair”, porque é uma “drenagem de dinheiro público” e que a questão dos transportes aéreos tem sido um exemplo da “má gestão da coisa pública”.
Já o líder da UCID, António Monteiro, apontou o dedo aos governos do PAICV e do MPD.
“Ambos os governos pecaram e não tinham solução para esta questão. Estamos a falar de uma companhia com três aviões. O governo falhou redondamente. Primeiro com a privatização, depois com sucessivos avales para uma companhia com três aviões”, explicou.