“Foi difícil mas já conseguimos lidar com tudo isto”
Uma das aprendizagens que a covid-19 trouxe para a comunidade educativa é, sem dúvida, a necessidade de massificar as novas tecnologias no ensino, por forma a tornar os alunos mais independentes, levando-os a adquirir conhecimento de modo autónomo.
Esta premissa é compartilhada pelo professor Felisberto Monteiro que lecciona a disciplina de Língua Portuguesa no Liceu Manuel Lopes, na cidade da Praia.
Pouco interesse para aulas à distância
Em entrevista ao A NAÇÃO, o docente avançou que os alunos têm mostrado menos interesse sobretudo nas aulas à distância.
“Não vejo nenhum benefício das aulas à distância para os meus alunos porque, simplesmente, não acompanham, apresentando diversos motivos, desde a falta de televisor em casa, ambiente apropriado, falta de energia e, principalmente, pouco interesse”, explica Felisberto Monteiro.
Uso de máscara
De entre as dificuldades enfrentadas pela classe docente ao longo deste período, o nosso entrevistado diz que os principais constrangimentos têm a ver com o uso de máscara durante todo o dia.
“Temos que falar muito e chega a ser cansativo dar aulas com máscara”.
Por outro lado, aponta a necessidade de estarem mais próximos dos alunos, corrigir os seus trabalhos, verificar os seus cadernos, “e devido à situação de pandemia, não podemos fazer isso”.
Felisberto Monteiro diz que as estratégias de divisão de turmas, entre outras, funcionaram na sua escola e que todas as condições foram criadas para um ano lectivo mais próximo do normal possível. No entanto, conforme frisou, tudo isso não impediu que houvesse medos e preocupações.
Retorno às aulas
“O retorno às aulas foi um pouco difícil, num clima de medo porque ninguém sabia como agir naquele momento em que os casos não paravam de aumentar.
Também tínhamos que reencontrar alunos provenientes dos mais diversos bairros e localidades onde muitas pessoas não estavam a tomar todos os cuidados”, explica.
Por agora, Monteiro diz que já consegue lidar melhor com a situação. Porém, “o único problema tem sido a redução do número de aulas semanais para os alunos o que está a dificultar o cumprimento dos conteúdos programados”, ao que se acrescenta “o desinteresse dos alunos relativamente às aulas à distância”.
Aos olhos deste professor, no liceu Manuel Lopes também tem havido uma baixa no cumprimento das regras sanitárias.
“Talvez porque as pessoas já se acostumaram a conviver com o vírus, mas também porque os jovens e adolescentes sabem que eles têm menos riscos de um agravamento no caso de ficarem infectados. Por isso, não querem usar máscaras e já estão a fazer ajuntamento nos intervalos”, lamenta.