O conflito entre árabes palestinos e israelitas: um pesadelo sem fim à vista (?)
O fim do conflito no Oriente-Médio passa essencialmente por uma mudança profunda na cultura política, social e educativa daqueles que se autoproclamam como representantes dignos do povo árabe palestino, pois, como dizia Gold Meir, exprimeira ministra israelita, “Se os árabes baixarem as armas, haverá paz. Se os israelitas baixarem as armas, não haverá mais Israel
dia farei que os líderes de Judá sejam semelhantes a um braseiro… Eles consumirão…todos os povos ao redor. O Senhor protegerá os que vivem em Jerusalém” (Zacarias 12:6-8)
Os amiúdes conflitos no Médio Oriente, envolvendo árabes e Israelitas, têm raízes históricas e bíblicas muito profundas e complexas. Remontam à época do profeta Moisés, quando este recebeu o mandato divino para libertar o povo hebreu da servidão e sofrimento no Egipto e conduzi-lo à Canaã, terra que Deus havia prometido a Abraão e sua descendência para sempre: “Ide para a terra que prometi a Abraão, a Isaac e a Jacob dizendo; Dar-lhe-ei à tua posteridade” (Êxodo 33:1).
Nesse processo de libertação dos judeus, despoletou-se a primeira grande guerra ao longo da travessia do Mar Vermelho, colocando frente à frente duas forças diametralmente opostas, uma existencial, protagonizada pelo famoso exército do faraó, e outra divina, presente nos fenómenos naturais que pelejavam a favor dos judeus. Conforme os relatos bíblicos, os soldados egípcios tiveram um fim trágico, porquanto, na sua perseguição aos judeus, os seus corpos, carros e cavalos de combate ficaram sepultados nas profundezas do Mar Vermelho, quando as duas paredes de água se uniram após a passagem em seco da caravana judaica para o outro lado da fronteira.
A travessia dos judeus foi apenas o início de um longo e complexo processo de sua transformação, passando de estatuto de escravo, durante 400 anos nas terras egípcias, para um povo livre e alforrio, agora guiado e protegido por Deus. Sendo assim, há aqui um aspeto interessante que importa destacar: por que razão Deus terá escolhido os judeus como seu povo bíblico entre várias outras nações?
Recuando nos tempos bíblicos, o patriarca Abraão tinha dois filhos. O primeiro chamava-se Ismael, gerado na sequência de uma união (i)legítima com sua serva egípcia, Agar, e o segundo de nome Isaac, com sua esposa Sara. No entanto, Ismael e sua mãe foram expulsos da casa de Abraão, pois, Deus havia dito: “É com Isaac, porém, que estabelecerei a Minha aliança (…)” (Génesis 17:21). Num outro versículo, Deus disse a Abraão: “…pois de Isaac há-de nascer a posteridade que usará o teu nome” (Génesis 21:12). No entanto, Deus abençoou também Ismael e deu origem a várias nações conhecidas como nações árabes. E os descendentes de Isaac multiplicaram-se, dando origem ao povo hebreu.
O processo de preparação espiritual, moral e militar dos judeus no deserto de Sinai foi, de facto, longo e complexo. Parecia evidente que Deus não queria que o seu povo predileto entrasse impuro na terra que tinha reservado para eles. Esta revelação ou encarnação divina no povo israelita faz-nos recordar aquela lógica subjacente à filosofia dialética de Hegel, dizendo que o infinito se realiza na substância, ou seja, no género humano, especialmente, em aqueles eleitos entre os demais. Deus apresentou-se, entretanto, ao seu povo como criador de todas as coisas visíveis e invisíveis que se movem nos céus e sobre a terra.
O povo israelita era constituído por 12 tribos (clãs familiares) descendentes dos 12 filhos de Jacó. Entre elas havia uma que se diferenciava das restantes que era a tribo de Levy que se ocupava, essencialmente, dos assuntos políticos e religiosos e, por isso, não podia participar em quaisquer expedições militares. Por exemplo, o profeta Moisés, que pertencia a essa tribo, foi impedido por Deus de comandar as tropas israelitas quando se preparavam para invadir a terra prometida. Foi, como sabemos, substituído por Josué. A tribo de Levy não recebeu nenhuma parte da terra prometida, mas teve Deus como herança, conforme Josué 13:33.
Falando em concreto da tão propalada terra prometida, uma terra onde, metaforicamente, se dizia que manava leite e mel, deve-se, antes demais, colocar a seguinte questão: onde se situa ou situava a terra prometida que Deus havia dado a Abraão e sua descendência para sempre? Neste contexto, um dos relatos bíblicos descrevia-a como sendo um território “Desde o deserto e do Líbano até ao grande rio Eufrates, toda a terra dos heteus até ao mar grande, ao ocidente” (Josué 1:4).
No entanto, hoje, a terra prometida corresponde aos territórios do Estado de Israel, Palestina, Cisjordânia, Jordânia Ocidental, sul da Síria e sul do Líbano. Olhando para o mapa do território ocupado atualmente por Israel, nota-se que não corresponde, realmente, àquele descrito anteriormente, pois, boa parte se encontra sob domínio árabe, sobretudo, a Cisjordânia, que surge no mapa, como um enclave dos árabes ditos palestinos. Todavia, Israel tem ampliado o território ocupado desde 1948, em função das sucessivas vitórias sobre os seus inimigos.
Ora, voltando ao passado, os israelitas marcharam em direção à Canaã e dominaram-na. Pelos relatos bíblicos, pode-se deduzir que os israelitas, quando entraram na terra prometida, não tinham qualquer intenção de evangelizar os povos que lá se encontravam. Aliás, Deus tinha dito a Moisés: “Ora, se não expulsares da vossa frente todos os habitantes do país, aqueles que tiveres poupado serão como espinhos nos olhos e como aguilhões nos flancos; atormentar-vos-ão no território que ocupardes” (Números 33:55). No entanto, há registos de que os israelitas não afugentaram de todo os povos ocupantes da terra prometida. Poderá isso justificar a constante instabilidade na região?
Durante a invasão israelita à terra prometida, havia outros povos ao redor constituídos por madianitas e endomitas, ao sul, moabitas e amonitas, ao leste e os filisteus, a oeste, que testemunharam o combate de forma impotente e foi, a partir daí, que se originou um amplo e profundo ódio contra os israelitas que se arrastou até aos dias de hoje. Sobressai, aqui, um detalhe que importa mencionar que tem a ver com o facto de que a Faixa de Gaza, onde viviam os filisteus, não aparece, no conjunto das terras que Deus distribuiu pelas 12 tribos de Israel. Isto poderá legitimar a ocupação da Faixa de Gaza pelos árabes ditos palestinos, caso queiramos apelidá-los de filisteus atuais?
A permanência dos judeus na terra prometida sempre teve um preço muito alto. Foi constantemente marcada tanto por períodos de prosperidade como por momentos de atribulação. Deus disse: “Vede, proponho-vos hoje a bênção ou a maldição: bênção, quando obedeceres aos mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos prescrevo; e a maldição, se não obedeceres aos mandamentos do Senhor vosso Deus e vos afastares do caminho que hoje vos mostro, para seguirdes deuses estrangeiros que não conheces” (Deuteronómio 11:26-28). A única condição que Deus exigia aos israelitas era obediência às suas leis e preceitos veiculados nos dez mandamentos.
Neste sentido, o povo eleito de Deus, devido à dureza de seu coração, já foi dominado e exilado de Canaã por vários povos, entre os quais se destacam os babilónios que, sob o reinado de Nabucodonosor, exilaram os judeus para a Ba“Naquele
bilónia, onde permaneceram durante 70 anos. Diversas passagens bíblicas relatam e sustentam a veracidade de ameaça desses exílios: “Eu mesmo assolarei esta terra, de tal modo que os inimigos, ao ocuparem-na, ficarão estupefactos” (Levítico 26:32).
Perscrutando o histórico dos desterros do povo hebraico, vê-se que a mais longa e dura diasporização israelita deu-se depois da morte de Jesus Cristo, mais precisamente por volta do ano 135, quando o exército romano saqueou Jerusalém e massacrou milhares de judeus, tendo o remanescente sido espalhado entre várias nações. Cristo profetizara: “Vede tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído” (Mateus 24:2). “Serão passados a fio de espada, serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será calcada pelos gentios até se completarem os tempos dos pagãos” (Lucas 21:24). E quem seriam os gentios?
Porém, o cúmulo da dor e sofrimento dos judeus sucedeu no teatro da IIª Guerra Mundial, durante a qual estourou um fervilhante antissemitismo que parecia cumprir uma das profecias mais sombrias sobre os judeus: “Vocês serão motivo de horror e objeto de zombaria e de riso para todas as nações por onde o Senhor os levar” (Deuteronómio 28:37). Um dos sobreviventes dos campos de Auschwitz descreveu que o massacre dos judeus foi “o maior de todos os crimes, a maior dança funesta na história da humanidade”. Estima-se, entretanto, que mais de 6.000.000 de judeus terão sido assassinados durante a Alemanha nazista.
Todavia, o regresso dos judeus à terra prometida, após dezanove séculos, foi, sem dúvida, uma obra divina, pois, parece dar corpo a uma das profecias mais notáveis proferidas por Ezequiel: “Assim fala o Senhor:
Eu vos reunirei de entre os povos e vos reconduzirei de todos os países para onde fostes dispersos e vos darei a terra de Israel” (11:17). Quer isto dizer que Deus não esquecera das suas promessas, da sua Aliança Eterna selada com o povo de Israel.
Ora bem, o retorno dos judeus à Canaã, no final da IIª Guerra Mundial, foi encarado com muita desconfiança tanto pelos árabes como pelos cristãos. Anos antes, o Cardeal Pietro Gasparri, 1919, havia afirmado “…o perigo que mais nos amedronta é o da criação de um estado judaico na Palestina.” O papa Pio XII afirmou: “Não existe precedente histórico para justificar o regresso de um povo a uma terra deixada dezanove séculos atrás.”
Do lado árabe, a reação não se fez esperar, pois, de imediato abriu-se uma crise político-militar com os colonos judeus que forçou a mediação das Nações Unidas que propuseram a divisão de Canaã em dois estados, um palestino e outro judaico. Naturalmente, o mundo árabe ignorou a partilha e, logo que Israel declarou a sua fundação a 14 de maio de 1948, uma extensiva aliança militar composta por várias nações atacou o Estado hebraico em todos os flancos, com o objetivo de o aniquilar à nascença.
Um povo que tinha saído de um holocausto sem precedentes, afigurando-se moral, físico e psicologicamente abalado, cercado por uma coalização de 6 países árabes, poder-se-ia imaginar que o trabalho iniciado por Hitler iria finalmente ser concluído. No entanto, por incrível que pareça, os colonos judeus, liderados, na altura, por David Bem-Gurion, derrotaram de forma humilhante os seus inimigos, apesar de enormes desvantagens. Alguém poderá estar a questionar o seguinte: como Israel venceu aquela guerra?
Foi no final desse conflito que veio à baila o caso do povo palestino que percorreu o mundo inteiro como um rastilho de pólvora, confundindo, muitas vezes, a opinião pública. É preciso clarificar, com base em fontes seguras, que a fuga dos árabes palestinos para a Faixa de Gaza não foi culpa dos israelitas, mas sim dos próprios líderes árabes que os tinham exortado para abandonarem as suas terras, porque iriam massacrar os judeus. Uma parte ficou e tornou-se cidadão israelita e a outra, que se refugiou para a Faixa de Gaza, transformou-se num autêntico ninho para os grupos terroristas.
Ladeado de inimigos dispostos a exterminá-lo, Israel já travou uma serie de batalhas com o mundo árabe, antes liderado por Egipto, com destaque para a Guerra dos Seis Dias, 1967, e a Guerra de Yom Kippur, 1973, conseguindo vencer todas elas em circunstâncias que ainda suscitam especulações de natureza diversa.
Com efeito, para os que conhecem minimamente a sagrada escritura, mormente, o Pentateuco ou coleção dos cinco livros de Moisés, sabem que Deus nunca abandonou definitivamente o seu povo: “Sede fortes e valentes! Não vos deixeis intimidar nem aterrorizar por eles! Porque o Senhor, teu Deus, vai adiante de ti. Não te deixará sucumbir nem te abandonará” (Deuteronómio 31:6). Ou ainda: “não temas, porque é o Senhor, vosso Deus, que combaterá por vós” (Deuteronómio 3:22).
Desde o acordo histórico alcançado com o Egipto em 1979, que resultou na devolução da Península de Sinal e no reconhecimento do Estado de Israel, nenhuma outra nação árabe enfrentou, pelo menos diretamente, Israel. Provavelmente, as diversas nações árabes devem ter chegado à conclusão de que o Estado hebraico é invencível ou mesmo indestrutível. Mas, Zacarias já tinha profetizado: “Naquele dia farei que os líderes de Judá sejam semelhantes a um braseiro… Eles consumirão…todos os povos ao redor. O Senhor protegerá os que vivem em Jerusalém” (12:6-8). Exatamente como previsto, Israel tem devorado quem o ataca, não obstante em condições de extrema desvantagem.
Desde então, as guerras de Israel com os árabes têm sido travadas fundamentalmente com organizações terroristas, tais como Fatah, na Cisjordânia, movimento islamita Hamas, na Faixa de Gaza, e Hezbollah, no sul do Líbano, sendo todas elas fortemente manipuladas, financiadas e armadas pelo Irão visto, hodiernamente, como a maior ameaça para a existência do Estado hebraico.
O mais recente conflito mostra que Hamas é o grupo terrorista que mais tem perturbado e ameaçado o ambiente frágil de paz na região. Como ficou evidente, qualquer conflito do tipo traz sempre pesadas baixas entre os civis, pois, são usados por militantes radicais como escudo humano, um ato extremamente covarde e cruel.
Parece uma loucura, Israel estabelecer qualquer acordo de paz com aqueles que sonham destrui-lo. O projeta Maomé ordenava: “A última hora não virá antes que os muçulmanos lutem contra os judeus e os muçulmanos os matem.” As inúmeras tentativas de acordo de paz entre Israel e seus rivais têm servido apenas para que estes se rearmem ou evitem a sua destruição perante o implacável poder de ataque dos israelitas.
No entanto, um acordo de paz consistente e duradouro no Oriente-Médio deverá partir, fundamentalmente, da vontade dos árabes ditos palestinos, sob duas condições, das quais deveriam abrir mão. A primeira seria a absorção efetiva do remanescente árabe palestino na Cisjordânia, o qual se juntaria aos cerca de 20% da população árabe em Israel, pois, não faz sentido nenhum haver dois estados ditos palestinos. Isso levaria, obviamente, a cedência do movimento Fatah das suas pretensões terroristas para se integrar a ala do partido árabe no parlamento hebraico para poder adquirir legitimidade política.
A segunda, estritamente dependente da primeira, seria a criação de um estado árabe palestino apenas na Faixa de Gaza, dirigido por políticos tocados e guiados por valores universais. Além disso, o futuro Estado palestino teria uma capital na Faixa de Gaza, devendo desistir do leste de Jerusalém, outro foco incandescente do conflito entre as duas partes beligerantes.
Seriam, assim, possíveis cenários de paz entre israelitas e árabes palestinos que poderiam ser negociados, acordados e implementados, com mediação das potencias mundiais, em prol de uma verdadeira estabilidade política, social e económica no Oriente-Médio. Contudo, tais cenários só seriam exequíveis se fossem, naturalmente, perspetivados à luz do que está prescrito na Bíblia e não em função dos interesses políticos e económicos que têm gerado mais óbices que soluções. Resta saber se acreditamos nas palavras de Deus ou não.
Entretanto, o fim do conflito no Oriente-Médio passa essencialmente por uma mudança profunda na cultura política, social e educativa daqueles que se autoproclamam como representantes dignos do povo árabe palestino, pois, como dizia Gold Meir, ex-primeira ministra israelita, “Se os árabes baixarem as armas, haverá paz. Se os israelitas baixarem as armas, não haverá mais Israel”.
O Estado de Israel é um só, ao passo que as nações árabes são inúmeras. Sendo assim, para onde iriam os judeus?