Possibilidades cada vez mais fortes
Convenção extraordinária e remodelação governamental
Muito se tem falado nos últimos dias, na sequência da derrota presidencial de Carlos Veiga, da necessidade de uma convenção extraordinária do MpD.
A cúpula do partido está mais inclinada na realização de um conclave apenas para “mandar bocas”, ou “muro de lamentações”, mas alguns dirigentes e militantes consideram que a mesma deve ser electiva.
Desde logo, para clarificar a situação de Luís Filipe Tavares que terá perdido espaço no partido com a sua demissão dos cargos de ministro dos Negócios Estrangeiros e de ministro da Defesa, na sequência do escândalo relacionado com a sua ligação com a extrema-direita portuguesa.
Há quem defenda que Abraão Vicente deverá ser “promovido” para o cargo de vice-presidente do MpD, cargo ocupado, neste momento, por Tavares.
A nossa fonte considera, no entanto, que Ulisses Correia e Silva é “intocável” neste momento e, por isso, admite que uma convenção extraordinária electiva serviria apenas para resolver a questão de Luís Filipe Tavares.
“Ulisses não constitui nenhum problema para o partido. Neste momento, o maior problema é a disputa de protagonismo, no Governo, entre Olavo Correia e Fernando Elísio Freire”, alerta o nosso interlocutor que considera que a questão da sucessão do líder do MpD deve ser afastada, neste momento, para evitar uma certa polarização entre esses dois vice-presidentes do partido.
Bases querem remodelação governamental
As bases do MpD vêm manifestando, em diversos meios, o seu descontentamento com o rumo do partido e com o desempenho do Governo liderado por Ulisses Correia e Silva. Pedem uma convenção extraordinária para clarificar algumas situações no interior do partido e uma remodelação governamental para imprimir dinâmica e eficiência na implementação do Programa do Governo.
Conforme um dirigente do MpD, os militantes pedem ministros “mais populares” e “amigos do povo” com provas dadas. Querem, igualmente, uma redução do elenco governamental de 28 para 15 ministros e, eventualmente, mais três secretários de Estado.
Dos actuais ministros só ficariam Olavo Correia, Fernando Elísio, Janine Lélis e Abraão Vicente. Curiosamente, os três vice-presidentes do MpD e um putativo vice-presidente. Defendem, por outro lado, a entrada Herménio Fernandes (presidente da Câmara de São Miguel), Júlio Lopes (presidente da Câmara do Sal), Miguel Monteiro (presidente da Bolsa de Valores), Mircéia Delgado (deputada) e Artur Correia (antigo director nacional da Saúde).
Intimidação
Por outro lado, o antigo deputado para o círculo das Américas, Cândido Rodrigues, dos primeiros a defender a candidatura presidencial de Carlos Veiga, denuncia clima de intimidação no MpD e pede convenção extraordinária urgente.
Também este militante acusa Ulisses Correia e Silva de ser o mentor da estratégia para “tramar” Carlos Veiga nas eleições presidenciais. Denúncia, igualmente, um clima de crispação interna e pede uma convenção extraordinária.