A Nacao

Nélida Tavares, uma “kriola” que espalha humor pelo mundo

- Anícia Veiga e Silvino Monteiro

Nélida Tavares, “A Kriola”, é uma jovem que há três anos espalha o humor pelo mundo, através vídeos feitos na sua língua materna, que coloca nas redes sociais. Esta é uma das formas que encontrou não só para homenagear a avó, mas também para valorizar a cultura cabo-verdiana.

Nélida Tavares, “Nelly” ou “A Kriola” como é conhecida no mundo artístico, tem 23 anos e é natural da Achada Tossa, no concelho de Santa Catarina, ilha de Santiago.

Filha de emigrantes, criada pela avó, encontrou no humor a forma de alegrar o mundo, homenagean­do ao mesmo tempo uma das avós já falecida e a cultura de cabo-verdiana, particular­mente a tradição do interior da ilha de Santiago.

Em conversa com A NAÇÃO, Nélida conta que viajou muito cedo para Portugal, com 11 anos, e desde 2018 vive na Suíça. Apesar de viver num país com uma cultura diferente da sua, assegura que o amor pela tradição cabo-verdiana nunca diminuiu ou foi posta em causa. “Graças à minha avó, apreendi os valores, as tradições e as lições importante­s para levar uma vida plena e feliz”, afirma.

O gosto pela comédia

A nossa entrevista­da revela que ideia de fazer vídeos cómicos surgiu após os seus tios de criação Nando e Natália lhe terem contado alguns dos bons momentos marcantes da sua infância e da sua família particular­mente da avó Beba. “A partir desse impulso, juntei as lembranças que tenho da minha avó para fazer teatro em homenagem a ela”.

Nos vídeos de “A Kriola” a personagem da sua avó está sempre presente, quer através dos vestuários, quer da linguagem e dos ensinament­os que transmite.

Nélida lembra a avó como “pessoa amorosa e cuidadora” e com quem aprendeu “os valores da vida”. E, em nome desse legado, procura mostrar a tradição e a vivência das pessoas do interior de Santiago, buscando passar mensagens educativas e valores dos mais velhos.

“Nos meus vídeos procuro sempre mostrar a cultura cabo-verdiana, em especial das mulheres do campo. A minha escolha deve-se ao grande amor que tenho pela minha cultura, além do desejo de mostrar o que aprendi com os mais velhos e, acima de tudo, com a minha avó”.

Manter viva a tradição

Nélida Tavares diz ter o sentimento de que certos costumes estão a desaparece­r. “Já não há o hábito de pedir bênção aos mais velhos e nem valorizar a opinião deles referentes a certos assuntos e muito menos fazer o que eles nos aconselham. Ou seja, aos poucos, os bons hábitos estão a desaparece­r, tendo em conta que, de certo modo, os jovens tendem a desvaloriz­ar os ensinament­os dos mais velhos”.

Actualment­e, a página de oficial de “A Kriola” já conta com cerca de 52 mil seguidores. Contudo, Nélida Tavares diz não estar preocupada com os likes e o número de seguidores, e muito menos usar os lucros que advêm dessa actividade para benefício próprio.

“Trabalho numa escola privada na Suíça e nunca pensei em viver do humor, uso o que ganho com os meus vídeos para ajudar os outros. Fazer o povo cabo-verdiano sorrir é a minha melhor recompensa, assim como as mensagens ricas e lindas que recebo, embora nem sempre consigo responder a todas. Para mim, isso não tem preço”.

Actualment­e Nélida Tavares faz parte da equipa «Ntom… Papia Ku Mi”, de um grupo de jovens cabo-verdianos cujo objectivo é expandir talentos, e trabalha, como diz, “no sentido de ajudar o próximo”.

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Projecto social
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