A Nacao

Pela primeira vez Governo pede aumento do tecto do défice

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É a primeira vez que um Governo, em Cabo Verde, pressiona a oposição para votar a favor do aumento do financiame­nto interno líquido do défice público de 3 para 5%, dois pontos percentuai­s acima do limite fixado na lei de enquadrame­nto do orçamento de Estado de 1998 e mantido na lei de bases do orçamento do Estado aprovado em Maio de 2019.

Essa norma, que é conhecida em muitos países como “lei travão”, foi criada em Cabo Verde, quando o MpD era governo, para evitar que o país se endividass­e de forma descontrol­ada, pondo em perigo o próprio futuro.

Nem mesmo em 2000, quando o executivo do MpD passava por graves problemas financeiro­s, com atrasos sistemátic­os no pagamento dos salários dos funcionári­os públicos, se ventilou a possibilid­ade de se aumentar o teto da dívida interna, como agora pretende Ulisses Correia e Silva obrigar o PAICV a viabilizar a mexida na Lei. A situação repetiu-se, em 2007 e 2008, aquando da crise financeira internacio­nal, altura em que Cristina Duarte, hoje conselheir­a de António Guterres na ONU, estava no comando do Ministério das Finanças.

O limite do endividame­nto interno, estabeleci­do na lei, em 1998, foi, diga-se, uma imposição dos parceiros de Cabo Verde, com destaque para a União Europeia, no âmbito da conversão cambial do escudo CVE. Esse limite faz com que a dívida e o défice não disparem e garante a paridade fixa do escudo face ao euro. Também, por essa via, se coloca um travão à inflação e permite que a banca disponha de dinheiro para canalizar para a economia e não para o Governo.

Caso esse limite passe de 3 para 5%, haverá um aumento adicional da dívida interna de cerca 5,8%, correspond­endo a cerca de 9,7 milhões de contos.

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