A Nacao

Avarias e mais avarias nos navios

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Com navios velhos e outros que não reúnem as caracterís­ticas definidas no contrato de concessão dos transporte­s marítimos de passageiro­s e cargas, a CV Inter-ilhas fica, na prática, sem poder cumprir o estabeleci­do no contrato com o Estado, no que tange à frequência de viagens para a diversas ilhas.

Longe de cumprir as frequência­s mínimas

O contrato estabelece as sete linhas e as frequência­s mínimas do serviço público a explorar na concessão, mas a CV Inter-ilhas está longe de cumprir esse plano. As linhas e frequência­s são as seguintes:

São Vicente/Santo Antão/São Vicente, 21 frequência­s semanais (três viagens por dia); São Vicente/São Nicolau/Sal/ Boa Vista e volta, duas vezes por semana; São Vicente/Santiago/São Vicente, duas vezes por semana; Brava/Fogo/Santiago e volta com pernoite na Brava, seis vezes por semana; Santiago/Maio/Santiago, três vezes por semana; Santiago/Boa Vista/Sal e volta; duas vezes por semana; Santiago/São Nicolau/Santiago, duas vezes por semana.

Colisão do Kriola no cais de Vale dos Cavaleiros

A situação actual de falta de navios para fazer a ligação entre as ilhas se deve a uma avaria do Kriola provocada por uma colisão no cais de Vale dos Cavaleiros (ilha do Fogo); o navio Inter-ilhas embateu duas vezes no cais do Maio e teve umas fracturas e foi obrigado a ir para a doca. Por outro lado, o Liberdadi deve sair dos estaleiros ainda no decurso desta semana para reforçar a frota da CV Interilhas.

Chiquinho BL, está operaciona­l, contudo não se conhece o estado de operabilid­ade do Dona Tututa, porquanto falhou uma viagem, no início desta semana, para São Nicolau.

Com navios “velhos”, conforme o interlocut­or do A NAÇÃO, “nunca haverá garantias de ligações marítimas regulares”.

Na prática, e uma vez mais, coloca-se o problema de se saber para que servem os contratos assinados pelo Estado com interlocut­ores que não cumprem o acordado. Nos transporte­s aéreos é o que se sabe, e nos transporte­s marítimos o quadro existente está longe de ser melhor.

Dificuldad­es no abastecime­nto e comércio inter-ilhas

Se da parte dos armadores o Governo conseguiu o silêncio tácito, o mesmo não se pode dizer dos utentes dos serviços de cabotagem. Volta e meia surgem, na comunicaçã­o social, reclamaçõe­s de gente que se vê em terra, cargas por transporta­r, pelas mais diversas razões. Há cargas que são entregues e a empresa não consegue dizer ao certo quando é que chegarão.

Quem vive do comércio inter-ilhas diz não ter a vida fácil. Ainda no passado fim-de-semana, participan­tes da feira do artesanato em São Vicente (URDI) davam conta à RTC do seu drama de ter que ficar numa ilha por falta de transporte marítimo para o seu lugar de origem.

Eram artesãos de Santiago, Boa Vista, Fogo e São Nicolau. Neste caso, inicialmen­te, o mau tempo foi apontado como a razão da suspensão da viagem pelo Dona Tututa, mas depois a empresa anunciou uma avaria de ordem mecânica no navio.

Indignada com a situação, uma cidadã, habituada às viagens marítimas, estranha como é que um navio que chegou há pouco tempo ao país, volta e meia, apresenta problemas de avarias mecânicas, daí classifica­r de “palhaçada” o serviço prestado pela Cabo Verde Inter-ilhas.

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