Etiópia já soma dois milhões de deslocados internos
Fonte oficial do governo etíope estimou, esta terça-feira, em cerca de dois milhões os deslocados internos das regiões de Amhara e Afar, devido ao conflito que há um ano opõe o Governo central aos rebeldes da província nortenha do Tigray.
Mais de 1,4 milhão de pessoas em Amhara e cerca de 400.000 em Afar deixaram as suas casas. O Governo acusa as forças rebeldes de terem deixado atrás de si “terrível destruição”.
O anúncio de Bilene foi feito um dia depois de o Governo etíope anunciar que recuperou o controlo de várias cidades estratégicas devido à sua relativa proximidade com a capital e que estavam sob o domínio dos rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).
O gabinete de Abiy anunciou, na segunda-feira, na rede social Twitter, “a tomada das cidades de Bati, Gerba, Kersa, Degan, Dessie e Kombolcha” aos rebeldes da TPLF, afirmando a tendência de avanços das forças armadas governamentais sobre territórios que estavam antes sob controlo rebeldes em Amhara e Afar.
A recuperação destas cidades junta-se a outras vitórias simbólicas das forças governamentais nos últimos dias, designadamente a retomada da histórica cidade de Lalibela, onde se situam as famosas igrejas escavadas na rocha, declaradas Património da Humanidade pela agência da ONU para a Educação, a Ciência e a cultura (UNESCO) e que desde agosto eram controladas pelos rebeldes.
Do lado da TPLF, o seu porta-voz, Getachew Reda, minimizou a perda de território, que classificou como “ajuste territorial”, atribuindo a retirada a “considerações táticas, operacionais e estratégicas”.
O conflito eclodiu a 4 de Novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope ordenou uma ofensiva do exército contra a TPLF, no poder em Tigray, alegadamente em retaliação por um ataque a uma base militar federal, e culminando uma longa sequência de tensões e confrontos políticos.
Em resposta, a TPLF formou alianças com outros grupos rebeldes, como o Exército de Libertação Oromo (OLA), ativo na região de Oromia, que envolve a própria capital, Adis Abeba, a que os oromos chamam ``Finfine’’.
Segundo a ONU, milhares de pessoas foram mortas e cerca de dois milhões foram forçadas a fugir das suas casas desde a eclosão da violência há um ano. Além disso, cerca de 9,4 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária no norte da Etiópia devido à escalada da guerra, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM). C/ Agências