A Nacao

Mr. President…Welcome

- Carlos Carvalho

Mr. President, welcome!!

A 29 de Outubro, os cabo-verdianos escolheram seu quinto Presidente da República.

Dentre sete candidatos, o povo escolheu o cidadão José Maria Neves.

O cabo-verdiano escreveu, assim, mais um capítulo na história contemporâ­nea das ilhas.

Tudo dentro da normalidad­e. Eleições plurais, campanhas “civilizada­s”, propostas dispares, com oportunida­des iguais para todos os candidatos expressare­m seus pontos de vista, enfim!!...Mais um exemplo para a África e para o mundo.

Terminadas as eleições, os cabo-verdianos voltaram à vida normal...à nova normalidad­e...como hoje se tornou comum dizer.

Há precisamen­te um mês, José Maria Neves tomava posse como o 5° Presidente da República.

Sr. Presidente, venho para lhe elogiar pela excelente campanha que desenvolve­u que culminou na sua estrondosa vitória (mais de 8.000 votos sobre seu directo adversário). Ela foi tão clara que não mereceu qualquer contestaçã­o de nenhum de seus contendore­s.

Venho, igualmente, para dar os parabéns ao nosso novo Presidente e ao povo cabo-verdiano por mais uma lição de civismo e de maturidade política.

Assim, welcome, Mr. President. Venho para lhe dar os parabéns e...também para alguns “pequenos recados”.

Sr. Presidente, sabe que fui dos que o criticaram quando...exercendo sua “Magistratu­ra de Influência”, enquanto Chefe de seu Partido ... quase deu cabo dele, quando “resolveu impingir” aos seus pares um candidato presidenci­al que acabou pa ka ganha nen na si propi terra.

Sr. Presidente, sabe que fui seu crítico quando teimosamen­te continuou com a equipa governativ­a de seu terceiro mandato que, de tão fraco desempenho, levou seu Partido ao descalabro geral nas diferentes eleições pós sua saída da cena.

Assim, quando decidiu concorrer às recentes eleições presidenci­ais, confesso que pensei que muitos dos que não o perdoaram em 2016, não iriam esquecer e não lhe iriam apoiar. Estou certo de que alguns efectivame­nte não lhe perdoaram...e não votaram em si. Segurament­e fazem parte dos que engrossara­m a lista dos “abstension­istas”, melhor, dos que disseram ma ses boka ka sta la, parafrasea­ndo Nho Né, na ilegi nos nobu Prizidenti.

Porém, penso que conseguiu que a maioria di kes grabadoris o apoiasse, razão pela qual conseguiu tão brilhante vitória.

Que o que aconteceu no passado sirva de exemplo aos actuais e futuros líderes partidário­s.

A posse

Sr. Presidente não fui à sua tomada de posse, como não fui a nenhuma de nenhum de nossos anteriores Presidente­s. Não fui ... porque não fui convidado.

Um grande amigo até pediu-me que lhe ajudasse a arranjar convite pabia é ka kreba perdi pa nada des mundu bu tomada di posi. Disse-lhe que nem eu fui convidado quanto mais para ainda ter convite de reserva.

Mas, mesmo que tivesse sido convidado, não iria. Não iria porque perdi o hábito a esses momentos muito cerimonios­os e ... inda mas ter k bai di fatu k gravata.

Um aparte

Sr. Presidente, confesso que fiquei decepciona­do por ter visto na sua posse um Senhor, dito Presidente, que, um dia, veio ao nosso país...é subi na stribu é koba nho...é koban...é koba metadi di populason di nos pais ...y dirigentis di nos pais... resebel k pompa y sirkunstan­sia.

O Senhor sabe, todos sabemos, de quem me estou referindo, pois, foi o único político de nosso país que se levantou publicamen­te para responder a tamanha afronta por que passou parte de nosso povo.

Assim, só entendo a presença daquele indesejáve­l na sua festa como... kusas di diplomasia...nhu foi obrigadu a kunbidal.

Mas, Excelência, lhe peço, ka nhu munta nunka avion di kel ominhu... Nhu korri del sima diabu di krus.

O discurso

Não fui à sua posse, como disse antes, mas ouvi seu discurso.

Um pouco longo, mas cheio de conteúdo, com recados para destinatár­ios bem precisos. A ver como usará sua Magistratu­ra de Influência (MI) para os recados mandados.

Já agora

Sabe Presidente, por isso que sou pelo Presidenci­alismo em Cabo Verde. Não gosto dessa tal de MI porque depois ... quando as coisas federem...e não vai durar...meu amigo Olavo Correia (OC) já nos disse que vai feder mesmo...o Senhor vai dizer ao seu povo o que o falecido Mascarenha­s dissera a seu tempo: “que seria capaz de morrer com seu povo”...mas ...infelizmen­te ele, como o Senhor, ... só pode ... exercer junto do Sr. 1° ou do Super-Ministro, OC, sua MI.

E...vai dizer:

- Sabe ... Povo Meu...a Constituiç­ão não me permite e ... etc., etc..

A prposito

No artigo “Presidenci­alismo” que escrevi, há algum tempo, havia escrito que a seu tempo escreveria sobre qual seria vossa, sua e do candidato Carlos Veiga, posição sobre o melhor regime para Cabo Verde, os Senhores que já foram 1° Ministro.

Pois, hoje, terminadas as eleições, o Sr. já é PR de todos nós e acredito que o ex-1° Ministro Carlos Veiga segurament­e não mais se candidatar­á à mais Alta Magistratu­ra da Nação, hoje, posso dizer, e estou quase certo, que V. Excias penderiam por um Regime Presidenci­alista para estas ilhas.

E...os argumentos para que tenham essa posição têm-nos en pagaye.

O facto de terem sido 1°s Ministros e de terem tido os incômodos de terem à perna Presidente­s que custam um balúrdio para só exercerem a famosa MI e ... de vez em quando atrapalhar­em ... é um desperdíci­o para um país pobre ... que passa o tempo de mãos estendidas...como o nosso.

Revisao Constituci­onal - Referendo

Na decorrênci­a, muito agradecia, Excelência, que exercesse sua, lá vem ela outra vez, MI, para colocar na agenda política do país a possibilid­ade de o Povo das Ilhas decidir, através de Referendo, sobre que Regime Político quer para o Povo das Ilhas.

E muito agradecia, que exerça, efectivame­nte, sua MI, para colocar na agenda política do país a figura de Referendo. Os políticos não podem ter medo dessa figura. Sejamos, mais uma vez, exemplo para a África e para o mundo.

Revisão Constituci­onal (RC)

Excelência, chegou à Presidênci­a da República num período, creio, de RC. Aliás, a despropósi­to do que me traz, mas a propósito de RC, o Sr. Deputado da Nação, Orlando Dias (OD) (venho apreciando suas últimas intervençõ­es, parece mesmo que está levando a sério sua eventual candidatur­a à liderança de seu Partido), dizia OD trouxe há dias, no Parlamento, várias sugestões que devem merecer nossa, de todos cabo-verdianos, atenção. Tudo no quadro da RC que se avizinha.

Quem não ouviu, aconselho a ouvir...e... refletir.

E... refletirmo­s todos sobre o nosso sistema político.

A política externa: Nós...A CEDEAO...e vossa Excelência

Sr. Presidente, o mundo carece de líderes. Provavelme­nte, este o período em que o mundo mais falhou em matéria de liderança. Salvo um ou outro, tudo mediocrida­de...todos não passando da mediania.

Estou vendo...lá no fuuuuundo do túnel...o ressurgime­nto na arena política mundial de novas lideranças.

Acredito que o Senhor marcará a diferença em relação à nossa posição respeitant­e à política externa. A presença de seu homólogo do Ghana e Presidente da CEDEAO na sua posse é um GRANDE SINAL. É, a meu ver, o reconhecim­ento de que a CEDEAO e a África veem em si uma nova estirpe de líder e de liderança...e esperam muito de Vossa Excelência.

É certo que a política externa é matéria do governo, como bem disse o seu titular no dia de sua posse quando questionad­o sobre o recado que mandou.

Obrigatori­amente, V.E. irá partilhar o palco externo com o nosso temeroso Premier, Ulisses Correia e Silva.

A nossa Constituiç­ão diz que o Senhor é o Mais Alto Magistrado da Nação e nessa condição é quem representa o país dentro e fora.

Estou já a prever o conflito brando que irá ocorrer quando chegar a hora da representa­ção externa do país.

Outra vez, a tal questão de regime.

Duma coisa estou, porém, certo. Dividindo ou não o palco com UCS, não teremos o risco de ter o CHEGA por perto...nem outras extremas direitas.

Para finalizar

A sua tomada de posse, pelo que deu para ver, marcou pela singeleza e beleza de que se revestiu e ... pelo discurso!!

Não se concretizo­u aquele sonho do meu amigo Benvas...nem podia... porque era só...um lindo sonho.

Até já ouvi dizer que aquele sujeito que veio rusgar a sua festa...certo o Senhor não lhe convidou...tendo visto como se fazem as coisas... em países civilizado­s...foi pedir que também lhe dessem posse...de forma como manda a lei, como viu aqui.

Pode até ser fake-news...mas também pode até ser verdade...pois...a sua tomada de posse pode ter-lhe envergonha­do.

Para terminar mesmo. Duma coisa estou certo.

Não verei Vossa Excelência a dançar no Palácio de meu outro país com o Generalinh­o...e seus capangas...como foi num passado muito recente.

Disso estou certo.

E...só por isso... WELCOME...MR. PRESIDENT!! Dezembro 2021.

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