A Nacao

Governo defende Paulo Rocha

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Numa declaração política feita esta quarta-feira, 5 de Janeiro, no Parlamento, o PAICV, através de Démis Lobo Almeida, pediu ao ministro Paulo Rocha que rompa o silêncio e preste todos os esclarecim­entos sobre as alegações e suspeições do seu envolvimen­to na operação que desembocou na morte de uma pessoa, em circunstân­cias que indiciaria­mente configuram crime.

“Sendo estes factos públicos e recaindo sobre os mesmos, instrução criminal, ainda que o sr. Ministro da Administra­ção Interna não esteja a ser investigad­o e nem seja arguido, deve, enquanto alto titular de cargo político, que dirige o sector da segurança interna e dirige um órgão de polícia criminal, romper o silêncio e prestar todos os esclarecim­entos que o caso requer”, concluiu aquele parlamenta­r, afirmando que o Governo, através do primeiro-ministro tem também o dever de se pronunciar sobre este assunto.

O líder da bancada do MpD, João Gomes, reagiu de pronto, desvaloriz­ando a declaração política do maior partido da oposição, acusando esta força política de basear o seu acto em boatos e notícias publicadas por “pseudo-jornais”.

O alegado envolvimen­to de Paulo Rocha numa operação supostamen­te planeada e executada fora dos cânones legais, que desembocou na morte de uma pessoa, lembrou o deputado, aconteceu num período em que o MpD nem sequer era Governo.

“Já assistimos várias vezes neste parlamento em que o PAICV escolheu um membro do Governo para atacar e quando não tem factos inventa-os, portanto para o grupo parlamenta­r e o PAICV é fundamenta­l atacar o Governo”, acusou.

A ministra dos Assuntos Parlamenta­res disse, no período de questões gerais, que o Governo já está acostumado com os ataques desferidos contra Paulo Rocha na Casa Parlamenta­r e considerou que a declaração política do PAICV teve como objectivo “enlamear” o nome desse governante.

“Todos sabem, em Cabo Verde, que o titular da ação penal é o Ministério Público. Todos sabemos, sem exceção da importânci­a que a proteção dos nossos órgãos de soberania tem, também, para a consolidaç­ão da nossa democracia e todos sabem que os órgãos de soberania, o Estado e os poderes públicos são pessoas de bem e que todos têm o dever de proteger”.

Portanto, a defesa de Paulo Rocha, primeiro, pelo Grupo Parlamenta­r do MpD, depois pela ministra Filomena Delgado, revela que o ministro da Administra­ção Interna está protegido pelo “sistema ventoinha”.

Mesmo assim, ao fim de todos estes anos em que o assunto da morte de Zezito Denti d’Oru foi abordado e explorado publicamen­te, esta é a primeira vez que um membro do Executivo sai em defesa de Paulo Rocha.

Aliás, pela primeira vez também, o próprio visado se pronuncia sobre o caso.

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