Crise institucional: Ministério da Justiça versus Ministério da Administração Interna
A celeuma à volta do caso Zezito Denti d’Oru, um dossiê por esclarecer desde 2014, vem revelar “uma grave crise institucional”, que opõe o Ministério da Justiça e o Ministério da Administração Interna.
De acordo com uma das fontes do A NAÇÃO, as alegações de Paulo Rocha e as declarações de Carlos Reis, enquanto antigo director nacional da PJ, têm como alvo André Semedo, actual director da Direcção Central de Investigação Criminal, o Inspetor Gerson Lima e o actual director nacional da PJ, Ricardo Gonçalves (ver Pg.4).
É que, ao assumir o Ministério da Justiça, Joana Rosa “afastou” o anterior director nacional da PJ, António Sebastião Sousa, pessoa “através do qual Paulo Rocha comandava a instituição e isto ficou demonstrado com a montagem feita no sentido de incriminar o inspector Gerson Lima” numa operação anti-narcotráfico, no bairro Eugénio Lima, Praia, em Julho do ano passado.
“Joana Rosa nomeou um novo director nacional da PJ (Ricardo Gonçalves), mandou reintegrar Gerson Lima e, devidamente concertado, Gonçalves nomeou um novo director do departamento central de investigação criminal, André Semedo, a quem Paulo Rocha acusa de ligação ao narcotráfico, nomeadamente a Chando Badiu” revela, embora aqui, verdade seja dita, a autoridade competente (Tribunal da Comarca de São Vicente) ilibou André Semedo dessa denúncia que pendia sobre ele enquanto então delegado da PJ em São Vicente.
Com isso, consoante o nosso interlocutor, a situação de desconfiança no seio da PJ, onde se posicionam duas forças antagónicas, devidamente armadas, e alinhadas consoante interesses específicos, “pode implodir a qualquer momento e provocar danos colaterais imprevisíveis”.
Note-se que na luta contra a criminalidade, a PJ exerce um papel fundamental. Tem sido ela, em colaboração com congéneres estrangeiras, a protagonizar parte importante do combate ao narcotráfico, um sector que chegou a crescer bastante e que, com os anos, entrou em recuo, deslocando-se para outros países da nossa sub-região africana.
Como é sabido, a vinda de Zezito Denti d’Oru, da Holanda a Cabo Verde, em 2014, estava enquadrada numa operação de vingança à condenação de Paulo Pereira, no âmbito da operação Lancha Voadora. Além da morte de Isabel Moreira, mãe da inspectora da PJ Kátia Semedo, desconfia-se que o mesmo Zezito, assassino a soldo, esteve envolvido no atentado contra José Luís Neves, filho mais velho do então primeiro-ministro, José Maria Neves, hoje Presidente da República.