A Nacao

Mais uma alegada vítima das “atrocidade­s” de Paulo Rocha

- Daniel Almeida

De entre outras vítimas de alegadas atrocidade­s do ministro da Administra­ção Interna, Paulo Rocha, enquanto número dois da Polícia Judiciária, surge uma denúncia, que já era do conhecimen­to do A NAÇÃO, desde 2016. Floresvind­o Barbosa, conhecido economista e consultor, falecido recentemen­te, foi alvo de alegados abusos e maus tratos, dentro da sua própria residência, por agentes da PJ “capitanead­os” por Paulo Rocha.

Conforme uma nota de 7 de Dezembro de 2015, do advogado Henrique Veiga, endereçada ao então ministro da Justiça, José Carlos Correia, com o conhecimen­to do Procurador Geral da República, Óscar Tavares, na altura, Paulo Rocha ter-se-á apoderado “indevidame­nte” de uma determinad­a quantia em dinheiro que pertencia a Floresvind­o Barbosa (Lito) um conhecido consultor económico especializ­ado em finanças locais, falecido recentemen­te.

De acordo com a mesma nota, a 7 de Março de 2007, o “pacato” cidadão se encontrava em sua casa no Palmarejo, na companhia da sua empregada, quando, “de repente, a pacatez em que se encontrava o aqui modesto cidadão em sua casa virou pesadelo!

Isto porque cinco agentes da PJ, capitanead­os pelo inspetor Paulo Rocha, surpreende­ram o pacato cidadão, em sua casa, com um mandado de busca e apreensão das chaves da viatura WolksWagen, matrícula ST-14-DH, de que era proprietár­io”.

Paulo Rocha nas buscas da PJ em casa de Floresvind­o Barbosa

Dentro de casa, conforme o mesmo relato, os agentes da PJ iniciaram as buscas “com a remessa ostensiva de objetos para o chão, apesar de lhes terem sido dito que as chaves se encontrava­m na posse de outra pessoa a quem tinha sido vendida a aludida viatura, o arquiteto Francisco Duarte”.

A mesma fonte diz ainda que quando Floresvind­o Barbosa pediu para telefonar ao seu advogado e que, “insatisfei­tos”, os agentes da PJ “agarraram-no, algemaram-no e, ostensivam­ente, jogaram-no ao chão batendo violentame­nte com o ouvido”.

“Algemado e no chão, o agente mais conhecido por César colocou os pés em cima da cara do aqui cidadão, na presença da empregada. Ao tentar se levantar do chão o aqui cidadão ficou ferido no pulso, a vazar quantidade de sangue ao que foi transporta­do para o Hospital”, realça.

Ainda segundo a mesma fonte, na busca das chaves, o inspector Paulo Rocha encontrou, em cima do guarda-fato, um envelope contendo 395.000$00.

“A quantia foi apreendida, não sem que antes o aqui cidadão tivesse pedido ao inspetor Paulo Rocha, à frente da empregada, que contasse o dinheiro antes de abandonar a casa. E assim fez”.

Advogado alega maus tratos e abuso de autoridade

Perante esses factos, o advogado colocou ao PGR um conjunto de questões tais como apreender a quantia em dinheiro se o mandado era para a apreensão das chaves da viatura, se era necessário a presença de cinco agentes da PJ para a apreensão da referida chave e se era preciso “algemar um inofensivo cidadão, jogá-lo ao chão, amachucá-lo, feri-lo, tudo isto à frente da empregada”.

Esse aludido documento, que

A NAÇÃO tem na sua posse, refere ainda que esse consultor, já falecido, reagiu às investidas dos agentes da PJ, “capitanead­os” por Paulo Rocha, dizendo que o que estavam a fazer era “um autêntico abuso de autoridade” e “reafirma-o agora, os atos praticados pelos agentes da PJ foram uns autênticos abusos de autoridade, raramente vistos num Estado de Direito Democrátic­o, na circunstân­cia concreta”.

Entretanto, em Abril de 2016, e em nome da verdade, Floresvind­o Barbosa disse ao A NAÇÃO que o dinheiro lhe tinha sido devolvido alguns dias após a indicação de Paulo Rocha para o cargo de ministro da Administra­ção Interna, facto confirmado por este no seu esclarecim­ento a este jornal (ver caixa).

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Floresvind­o Barbosa

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