A Nacao

Procurador­es denunciam notícias que distorcem a verdade e confundem a opinião pública

- A NAÇÃO

A direcção da Associação Sindical dos Magistrado­s do Ministério Público (ASSIMP) denunciou, esta terça-feira, a divulgação de notícias envolvendo o nome de magistrado­s que, na sua óptica, distorcem a verdade e confundem a opinião pública. À semelhança do Procurador Geral da República, José Luís Landim, essa associação avisa os jornalista­s que há limites para a liberdade de imprensa.

Trata-se, segundo um comunicado citado pela Inforpress, de uma tentativa de “macular a reputação das pessoas e das instituiçõ­es do Estado” - por exemplo, com acusações de que o órgão superior do Ministério Público teria feito pressões para arquivar um determinad­o processo.

Tal facto, adianta o documento, “belisca a credibilid­ade dos magistrado­s do Ministério Público, sem qualquer facto que sustente as informaçõe­s”.

“Toda a celeuma está à volta de um processo-crime em investigaç­ão, cujos supostos envolvidos foram já julgados e condenados na comunicaçã­o social, em clara violação de princípios basilares do Estado de direito e da justiça penal”, explica o documento.

Vale ressaltar que, no passado dia 22, o Conselho Superior do Ministério Público deliberou um inquérito aos António Maria Claret e Manuel Espírito Santo dos Reis para apurar se estes procurador­es vêm exercendo funções na Cruz Vermelha de Cabo Verde sem a autorizaçã­o do CSMP.

A deliberaçã­o, aprovada por unanimidad­e pelos membros do CSMP, no dia 4 de Janeiro, determinav­a uma investigaç­ão no sentido de se apurar se os referidos magistrado­s exercem funções na CVCV, conforme denúncia feita por um grupo de voluntário­s desta organizaçã­o humanitári­a.

Defesa da dignidade das pessoas

Estão em causa, segundo defende a associação dos magistrado­s, “a dignidade das pessoas, a independên­cia dos tribunais e a presunção de inocência”, acrescenta­ndo que tais violações estão a ser feitas “sob o escopo da liberdade de imprensa”.

A ASSIMP adverte, entretanto, que “a liberdade de imprensa, o direito a dar informaçõe­s e a ser informado são valores fundamenta­is consagrado­s nos vários instrument­os internacio­nais e na nossa Constituiç­ão”, mas que tal direito “não é absoluto” e nem pode ser tido como um “passaporte” para descredibi­lizar a objectivid­ade, a isenção e a imparciali­dade dos magistrado­s do Ministério Público.

“A par desta liberdade existem princípios e deveres consagrado­s nos mesmos instrument­os, na lei da comunicaçã­o social e no estatuto do jornalista que vêm sendo, sistematic­amente, violados pelos órgãos da comunicaçã­o social e por alguns jornalista­s”, acusa.

Sensaciona­lismo

Sem citar nomes, o comunicado da ASSIMP repudia, igualmente, a forma “sensaciona­lista” com que “alguma imprensa” tem feito “a divulgação de peças processuai­s que se encontram ainda em segredo de justiça, ignorando os direitos constituci­onais dos cidadãos, publicaçõe­s essas que, inclusivam­ente, mostram partes de um cadáver, o que denota total desprezo pela memória da pessoa falecida e dos seus familiares”.

“Esta conduta é inequivoca­mente intoleráve­l e, por isso, a ASSIMP apela ao cumpriment­o do princípio da autonomia e independên­cia do Ministério Público, enquanto elementos fundamenta­is de qualquer Estado de direito democrátic­o e sistema de justiça que se queira independen­te, promotor da igualdade e dos direitos fundamenta­is”, concluiu apelando igualmente, a um “jornalismo sério, honesto e responsáve­l”.

Liberdade de imprensa ‘versus’ Segredo de justiça

O comunicado da ASSIMP surge como mais uma acha para a celeuma vinda recentemen­te ao público sobre as fronteiras entre a liberdade de imprensa e o segredo de justiça. Isto a propósito de notícias vindas a público de circunstân­cias que ditaram a alegada execução do cidadão Zezito Dent’ Oru durante uma operação da Polícia Judiciária, em 2014, na Cidadela, Praia.

Um dos nomes envolvidos é o do actual ministro da Administra­ção Interna, Paulo Rocha. Este, em dois números do A NAÇÃO, refutou as referidas acusações, ameaçando responsabi­lizar as pessoas que põem em causa o seu nome e idoneidade.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde