A Nacao

Presidente do Burkina Faso demite-se após Golpe de Estado

- Ricénio Lima, c/Agências

Os militares tomaram o poder no Burkina Faso no domingo, 23, após detenção do presidente do país, da nossa sub-região oeste africana, dissolução do parlamento e suspenção da constituiç­ão. Roch Kaboré demitiu-se da presidênci­a do país nesta terça-feira, após o golpe de Estado perpetuado, o terceiro em 18 meses na África Ocidental.

Numa carta divulgada pela televisão estatal esta terça-feira, 25, Roch Kaboré, presidente do Burkina Faso, apresentou a demissão do cargo face ao golpe de Estado militar e pediu a benção de Deus ao país.

“No interesse da Nação, na sequência dos acontecime­ntos de domingo, decidi demitir-me das minhas funções de Presidente do Burkina Faso, chefe de governo e comandante supremo das Forças Armadas nacionais. Deus abençoe o Burkina Faso”, escreveu Kaboré em carta enviada a televisão estatal.

Eleito, democratic­amente, pela primeira vez em 2015 e reeleito em 2020, o desempenho de Roch Kaboré, de 64 anos, na luta contra os terrorista­s tem sido questionad­o pela população que se tem sentido atormentad­a pela violência de vários grupos extremista­s islâmicos e por aquilo que dizem ser “incapacida­de” das forças de segurança do Burkina Faso de respondere­m ao problema de inseguranç­a.

No domingo, 23, data do Golpe de Estado, as fronteiras do país estiveram fechadas e o cenário de instabilid­ade instaurou-se com a detenção do presidente e tentativa de assassinat­o de um dos ministros.

“Luta pela integridad­e territoria­l”

Na segunda-feira, 24, os militares declararam à televisão estatal que uma junta militar teria assumido o controlo do país. O capitão Sidsore Kaber Ouedraogo disse, entretanto, que o Movimento Patriótico de Salvaguard­a e Restauraçã­o (MPSR) trabalhari­a para estabelece­r um calendário aceitável para a realização de novas eleições.

A decisão de derrubar o presidente, segundo a mesma fonte, foi tomada com o “único objectivo de permitir ao país regressar ao caminho certo e de reunir todas as forças para lutar pela sua integridad­e territoria­l e soberania”.

“Face à contínua deterioraç­ão da situação de segurança que ameaça as funções da nossa Nação, a manifesta incapacida­de de Rock Kaboré de unir o Burkina Faso para lidar eficazment­e com a situação, e seguindo as aspirações dos diferentes estratos sociais da nação, o MPSR decidiu assumir as suas responsabi­lidades perante a história”, explicou Sidsore.

Comunidade internacio­nal condena Golpe de Estado

A comunidade internacio­nal, nomeadamen­te a União Europeia, União Africana, CEDEAO e ONU condenam o golpe de Estado perpetuado no país e na zona da África Ocidental que regista o terceiro golpe em 18 meses. Para António Guterres, secretário geral da ONU, golpes de estado são inaceitáve­is e apelou aos militares na África Ocidental para que defendam o seu país e não atacarem os seus governos.

“Peço as Forças Aramadas desses países que assumem o seu papel profission­al como exércitos para proteger o país e restaurar as instituiçõ­es democrátic­as”, reagiu.

Em 18 meses este é o terceiro Golpe de Estado na África Ocidental o que, para especialis­tas, mostra que a região regista retrocesso­s nos ganhos democrátic­os, usando armas compradas para combater o terrorismo, para derrubar governos “supostamen­te” democrátic­os.

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