A Nacao

Educação dos filhos é uma luz do fundo do túnel na vida amarga de Maria das Dores

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Apesar da situação em que vive, Maria das Dores diz que não perde a esperança em dias melhores. Sobretudo porque, diante das dificuldad­es que tem enfrentado, mas também por aquilo que a vida lhe ensinou, é na educação que está o futuro dos seus seis filhos.

“Na minha vida já fiz de tudo um pouco, trabalhei de vendedeira, de empregada, entre outras coisas, até que cheguei ao estado em que já não consigo fazer nada”, diz, com tristeza.

Na sua maneira de ver a vida, Maria das Dores diz que, infelizmen­te, não tem tido muita sorte. “Comecei o meu próprio negócio em casa, venda de pão, mas um tempo depois o forno que recebi como ajuda avariou-se. Tentei criar porcos, galinhas, entre outros animais, para vender e ganhar algumas coisas, mas foram-me roubados, porque a minha casa não tinha segurança. Apesar de tudo isto, apostei na educação dos meus filhos; em casa e na escola sempre foram bons alunos. Apesar da nossa situação, que muitas pessoas consideram motivos suficiente­s para entrar em maus caminhos, os meus filhos, graças a Deus, não são desse tipo de gente, mesmo residindo numa zona como a nossa, muito problemáti­ca. Continuam a ser bons meninos”.

Maria das Dores espera que esta sua aposta na educação dos filhos seja o caminho para um futuro melhor, pelo menos, para os seus descendent­es. Afinal, como ela, conhece vários casos de gente que saiu da pobreza e que por via da educação teve a vida melhorada. Como fiz, parte dessa batalha está parcialmen­te ganha, já que a sua primogénit­a, de 24 anos, está a dias de se licenciar em biologia, na vertente ensino.

“Ela entrou para universida­de e só falta defender a monografia para concluir o curso. Foi para a escola a pé e estudou com a bolsa da FICASE. Hoje, quase a vencer, ela sonha trabalhar na sua área de formação, mas vendo-nos nesta situação está disposta a arranjar qualquer emprego digno para ajudar em casa”, contou, realçando que a sua segunda filha, também uma universitá­ria, infelizmen­te, não teve a mesma sorte da irmã.

“Entrou na Uni-CV na esperança de conseguir também uma bolsa de estudo, mas não conseguiu. Neste momento, estamos cheios de dívidas para pagar, mas eu já lhe disse que da universida­de ninguém é retirado por causa do não pagamento de propinas. Tenho esperanças. Aliás, é disso que eu vivo, de esperança. Dou-lhe força para continuar, para não se desmotivar, porque os irmãos dela, que também estudam, o fazem com muita dedicação e esperança para um dia melhorarem a situação da nossa família”, conclui Maria das Dores.

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