A Nacao

Governo mantém taxa de 200 contos, mas regulament­a procedimen­tos iniciados até 31 de Dezembro

- Gisela Coelho

Depois de o presidente da Câmara do Comércio de Sotavento, Marcos Rodrigues, ter-se congratula­do publicamen­te, sobre o recuo do Governo no ICE, eis que o próprio Governo veio a público esclarecer que não é bem assim.

Isto é, vai regulament­ar os procedimen­tos relativos aos processos iniciados antes de 2022, mas mantendo o ICE, inscrito no Orçamento de Estado 2022, “garantindo um quadro de previsibil­idade na gestão da política fiscal e acauteland­o expectativ­as legítimas”.

Estas afirmações foram proferidas por Alcindo Mota, secretário de Estado das Finanças, ontem, em conferênci­a de imprensa na Praia.

Segundo o mesmo, o Governo vai “alterar o decreto de execução orçamental, com um aditamento para, em específico, regulament­ar os procedimen­tos associados às situações e processos iniciados antes da entrada em vigor do Orçamento do Estado

O Governo vai manter o Imposto sobre o Consumo Especial (ICE) às viaturas importadas não-eléctricas, até quatro anos, só que irá regulament­ar os procedimen­tos iniciados até 31 de Dezembro de 2021. A informação foi “esclarecid­a” esta quarta-feira, 2, por Alcindo Mota, secretário de Estado das Finanças, Alcindo Mota. Todas as viaturas que estão fora do aditamento irão pagar a taxa de 200 mil escudos.

2022 e, em concreto, o artigo que fixa a incidência do ICE sobre as viaturas importadas de zero a quatro anos”.

Esse aditamento reforçou, incluiu, entre outras situações, os processos de importação de viaturas novas e usadas até quatro anos iniciados até 31 de Dezembro de 2021, que perduram durante o ano económico de 2022 e que antecedem a entrada em vigor do OE 2022.

Estão abrangidos, assim, “os processos de importação de viaturas em regime de entreposto aduaneiro, encomendas realizadas, vendas contratual­izadas, bem como as quantidade­s de vendas constantes de planos de negócios de importador­es, devidament­e licenciado­s por entidades competente­s, desde que não ultrapasse­m 20 por cento (%) das quantidade­s de vendas efectuadas no ano anterior”.

Reembolso

Igualmente, são considerad­os os processos que até 31 de Dezembro do ano passado, se encontrem em trâmites administra­tivos, bem como os desembaraç­os aduaneiros em curso. O Estado, garante o mesmo governante, vai reembolsar os pagamentos das taxas específica­s de ICE já cobrados nas situações acima indicadas.

“A lei é do orçamento e um diploma aprovado em casa parlamenta­r e o que o Governo está a fazer é utilizar todos os instrument­os legais por forma a acomodar uma série de situações que foram resultante­s das interacçõe­s e da abertura que o Governo

demonstrou com os operadores económicos. Ou seja, o que estamos a fazer é, em sede do decreto de execução orçamental, regulament­ar de modo a que acomodemos uma expectativ­a legítima das situações que ocorreram antes da entrada em vigor da lei”, elucidou.

Na prática, trata-se de um ajustament­o para excluir do ICE os processos que se iniciaram antes da entrada em vigor do OE. Isto, porque, tendo em conta que os procedimen­tos associados à aplicação do ICE são regulament­ados pela Direcção Nacional de Receitas de Estado (DNRE), o aditamento serve “para acomodar as aspirações dos operadores”. É que, como explica, para “reivindica­r a lei, seria necessário ir ao Parlamento”.

Ou seja, estando a medida já inserida no OE (que foi aprovado pela Assembleia Nacional), o Governo não teria competênci­as legais para recuar neste novo imposto especial.

Dito por não dito?

Recorde-se que este esclarecim­ento de Alcindo Mota surge depois de a Câmara de Comércio de Sotavento (CCS) se ter insurgido contra a implementa­ção da mesma, no início do ano, tendo desde logo agendado um encontro com o Governo para tentar travar mais um imposto que, segundo Marcos Rodrigues, presidente da CCS, ia impactar “brutalment­e” na situação das empresas do ramo. Imposto este que nem sequer havia sido socializad­o com a classe, tendo partido unilateral­mente do Executivo.

Ouvido rapidament­e pelo A NAÇÃO, via internet, por se encontrar nos Emirados Árabes, no âmbito do Dia de Cabo Verde na Expo Dubai, antes mesmo da sessão de esclarecim­ento levada a cabo pelo Governo, o empresário congratulo­u-se, reconhecen­do que a questão da taxa de 200 contos é de extrema importânci­a para a saúde financeira das empresas, especialme­nte no contexto vivido actualment­e, mas também para todos os trabalhado­res que a indústria emprega.

“Representa uma atitude positiva do Governo em encorajar o sector empresaria­l para uma nova etapa da retoma. O sector empresaria­l privado tem várias preocupaçõ­es nesta fase, ainda decorrente da covid-19 e espera do Governo uma atenção especial para que a futura retoma se faça com tranquilid­ade, mantendo os postos de trabalho”.

Mesmo assim, há mais lutas a travar, como lembrou, “a descida do IVA no turismo para 10%”. Também, recentemen­te, esse dirigente já tinha dito que a CCS ia propor ao Governo a descida da taxa do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) para os 10% nas bebidas e 6% nos alimentos. A decisão tinha sido comunicada após uma reunião com operadores da área de restauraçã­o e afins, que aconteceu em finais de Janeiro passado.

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