Onda de solidariedade para adoçar a vida amarga de Maria das Dores
Uma semana após a reportagem “Há fome em Cabo Verde e a culpa não é só da covid”, publicada no número anterior do A NAÇÃO, a vida de Maria das Dores, moradora no bairro Eugénio Lima, na Praia, na qual relata as dificuldades que enfrenta para levar a panela ao lume no seio da sua família constituída por oito elementos, começa a melhorar.
Ao tomar conhecimento do drama dessa família, pessoas de bom coração, tanto no país como na diáspora, directamente ou através das redes sociais, se afirmam dispostas a ajudar no que for possível, de modo a que nem alimento nem escola faltem à Maria das Dores, ao marido (doente) e às seis filhas do casal. Aliás, um emigrante na Europa prontificou-se a pagar as propinas em falta da filha do casal em formação universitária.
Uma outra grande conquista de Maria das Dores, mal a reportagem foi publicada, foi a cobertura de betão para os dois primeiros quartos que tinham tombado há cerca de três anos.
Ao que tudo indica, a Câmara Municipal da Praia (CMP), presidida por Francisco Carvalho, decidiu assumir a questão. Afinal, conforme aquela munícipe relatou na nossa reportagem, o teto em questão desabou aquando da reabilitação da estrada, com escavações e outras acções que, de alguma forma, acabaram por afectar a construção dessa família, quase matando quem estava debaixo do teto no dia da queda do teto.
“Nas minhas andanças, por tudo quanto é lado, disseram-me que a minha casa vai ser reabilitada no programa PRRA do Governo”, disse-nos Maria das Dores, referindo-se a obras feitas na altura em que Óscar Santos era o presidente da CMP.
De volta à casa da Maria das Dores, desta vez ficamos a saber das novidades de que a sua vida está a melhorar, através das ajudas que vem recebendo. Emocionada, essa mulher disse não ter palavras para a reportagem do A NAÇÃO.
“Ainda ontem (terça-feira) esteve aqui uma senhora com uma bolsa de alimentos. Graças a isso não dormimos com fome. Muito obrigada a todos. Deus abençoe a cada uma destas pessoas que decidiram ajudar a minha família no momento em que mais precisávamos”, concluiu.
A melhoria na vida desta família, do bairro Eugénio Lima, na Praia, deixa o A NAÇÃO satisfeito com o impacto da sua reportagem. Um trabalho que esbarrou, várias vezes, nas dificuldades das próprias pessoas falarem da fome endémica em que vivem, todos os dias, algo fortemente presente na vida de inúmeras outras famílias deste país. Assim, faz-se o necessário, assim se faz também o jornalismo social, de rosto humano, “mostrar para conhecer e saber para resolver”.