Desafios do sistema de ensino cabo-verdiano
Professor há mais de 30 anos, Amadeu Rocha entende que Cabo Verde precisa “pensar” e “repensar” a educação em vários dos seus aspectos. Só assim, acredita, o país terá realmente o ensino de qualidade de que todos falam e desejam, mas raramente esse discurso é posto em prática.
O problema, como também deixa transparecer, começa na forma como os currículos, nos mais diversos níveis do ensino, são estabelecidos.
“No geral, não há harmonia de conteúdos, são poucos flexíveis, teóricos e pouco ou nada práticos. Há falta de equipamentos adequados, tanto para os alunos, como para os professores, o que acarreta mudança nas práticas pedagógicas e selecção de conteúdos”, afirma. Por outro lado, como adverte também, actualmente, há a tendência em “facilitar” o aluno, “mais pela negativa do que pela positiva”, em vez de se preparar os alunos para se tornarem “cidadãos activos, na família, no mercado de trabalho, na vida cultural e política, etc.”
“O aluno, hoje, quase não reprova por faltas e, quando se permite um número excessivo de faltas ao aluno, isso acaba, obviamente, por afectar a formação dele.
Por isso, o lugar do professor continua a ser fundamental; acima de tudo, cabe-nos o tempo todo o desafio de fazer com que o aluno se interesse e ame verdadeiramente a disciplina que o professor lecciona. No fundo, é o que procuro fazer com o cubo mágico nas minhas aulas”.