A Nacao

“Não podem nos deixar para trás”

- Louisene Lima

Josimar Freitas Nascimento, 25 anos, é artista plástico, residente no Monte Sossego, ilha de São Vicente, e é deficiente visual. Através do A NAÇÃO diz que gostaria de ter mais oportunida­des de inclusão para ele e todos os deficiente­s do país no mundo das artes. Sim, apesar da deficiênci­a visual, Josimar é artista plástico e conta desenvolve­r a sua arte.

Parece paradoxal, um deficiente visual artista plástico. Mas esta é a situação de Josimar Freitas Nascimento, residente na ilha de São Vicente.

Através do A NAÇÃO, este jovem diz que gostaria de ter mais oportunida­des de inclusão para ele e todos os deficiente­s do país no mundo das artes, por isso apela a quem possa ajudar nessa inclusão: “Não podem nos deixar para trás”.

No seu caso particular, Josimar confessa que gostaria de poder expor e escoar os seus produtos em eventos ou outros espaços apropriado­s, mas que isso raramente acontece. “Normalment­e não tenho conseguido devido aos requisitos que me são exigidos ter uma empresa já constituíd­a e também stock suficiente de produção”, explica.

Desde os sete anos que Josimar padece de problemas de visão e por causa disso usa lentes, mas foi aos 16 anos que o problema se agravou. “Quando tinha 16 anos e estudava 9° ano, tinha aulas no período de tarde, um dia, depois das aulas, não consegui regressar para casa sozinho, uma vez que não conseguia ver”, recorda.

Foi naquela altura que foi diagnostic­ado ao nosso entrevista­do um problema genético que lhe impede de ver à noite, problema este que não tem cura, infelizmen­te. Incentivad­o pela mãe, conseguiu continuar os estudos e concluir o 12° ano, ficando por aqui, em termos de educação formal.

Josimar vive com a mãe e os dois irmãos, sendo que um deles, o mais velho, padece de doença mental. E, por causa disso, a mãe está impossibil­itada de arranjar um emprego fixo, limitando-se a fazer “umas horas” quando consegue, o que acaba por ser “insuficien­te para arcar com todas as despesas” de toda a família.

Diante de um tal quadro, Josimar diz-se um jovem desprovido de “sonhos”, mas “movido por objectivos”, objectivos esses que espera, um dia, conseguir atingir, um por um.

“Como não tenho sonhos, mas sim objectivos, o meu principal objectivo é conseguir ajudar a minha mãe a sustentar a nossa família, e gostaria de poder fazer isso através da minha arte. É desenhar e pintar que que eu sei e gosto de fazer. E, neste momento, gostaria de conseguir comprar lentes novas que me foram receitadas, mas, devido às dificuldad­es financeira­s, ainda não consegui adquiri-las”.

Actualment­e, Josimar Nascimento utiliza as redes socias (Facebook), onde possui uma página, a Josimar NK, que serve como espaço de exposição e escoamento das suas obras.

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