A Nacao

Situação controlada... até à próxima tentativa de golpe de Estado

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Momentos de tensão foram vividos esta terça-feira, 01, na capital da Guiné-Bissau. Homens armados invadiram o Palácio do Governo, durante conselho de ministros, entre disparos e rajadas de metralhado­ra. O primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, e o Presidente Umaro Sissoco Embaló, encontrava­m-se no local.

Esta alegada tentativa de golpe de Estado pouco ou nada surpreende, tendo em conta que a Guiné-Bissau é um foco permanente de instabilid­ade e intrigas políticas, protagoniz­ado entre as várias forças que enformam o espectro partidário do país. O PAIGC, de Domingos Simões Pereira, não reconhece a legitimida­de de Embaló, consideran­do que o próprio chegou à Presidênci­a da República forma irregular.

Como é costume em momentos do género, as principais vias de Bissau foram cortadas, com os soldados a montarem barreiras num perímetro de 500 metros à volta do Palácio da Presidênci­a da República, bem como da sede do Governo. As rádios fecharam as portas por precaução.

Acostumado­s também a situações do género, diante do tiroteio, populares recolheram-se em casa. Ontem, quarta-feira, aparenteme­nte o país tinha voltado à normalidad­e. As lojas e os mercados voltaram a abrir. As escolas também voltar a abrir.

Mortes

Do balanço de mais esta tentativa de golpe de Estado, cujos meandros ainda se desconhece­m, daí alguns falarem em “inventona”, os militares conseguira­m evitar a nova tomada do poder pela força, havendo a registar um saldo de seis mortos, conforme avançam fontes oficiais.

“Há mortos por todo lado”, informava o próprio Presidente da República em comunicado à Nação. Umaro Sissoco condenou a tentativa de golpe de Estado que, como diz, foi um acto “bem preparado e organizado” e que poderá estar relacionad­o com a tráfico de drogas.

“O país não merecia isto... Custa-me acreditar que um dia poderíamos chegar a este ponto. Ou que os filhos da Guiné poderiam voltar a perpetrar outro acto de violência. Preferia que as pessoas me atacassem pessoalmen­te... Não queriam apena dar um Golpe de Estado, mas sim matar o Presidente da República”, disse Umaro Sissoco.

Situação controlada

Entretanto, conforme avançam as autoridade­s em Bissau, a situação já se encontra controlada depois de horas de incertezas por parte dos cidadãos. Umaro Emabló diz que as autoridade­s estão a investigar o caso, sendo que alguns envolvidos no ato já estavam a ser investigad­os por indício de narcotráfi­co.

Ontem também, 2, militares realizaram operação de revista à procura de supostos envolvidos na tentativa golpista. Há vários detidos no quartel do Estado-Maior General das Forças Armadas, na Fortaleza de Amura, em Bissau. Um deles

A Guiné-Bissau sofreu esta terça-feira, 01, uma tentativa de Golpe de Estado. Homens armados dispararam tiros de bazuca e rajadas de metralhado­ra no Palácio do Governo durante um conselho de ministros. O presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, condenou o acto e garante que a situação já está controlada.

Ricénio Lima c/Agências

será o antigo chefe da Armada, almirante Bubo na Tchuto, preso e condenado, nos EUA, há uns anos, por causa do narcotráfi­co. Além disso, Na Tchuto é um golpista recorrente, desde os tempos do falecido presidente Nino Vieira.

Repúdio internacio­nal

País da África Ocidental, que tem uma população de cerca de 2 milhões, a Guiné-Bissau já viu 10 golpes ou tentativas de golpe desde a independên­cia de Portugal em 1973. Apenas um presidente democratic­amente eleito (José Mário Vaz) completou um mandato e, mesmo assim, no meio de viva contestaçã­o.

A África Ocidental vem sendo atingida por vários golpes militares nos últimos 18 meses, incluindo dois no Mali, um na Guiné-Conakri e um em Burkina Faso, este na semana passada. Países afectados pela pobreza crónica, também a braços com a expansão do islamismo radical, a região é tida nos últimos anos como importante ponto de trânsito da cocaína latino-americana com destino à Europa, o que obviamente contribui para instabilid­ade existente.

Entidades internacio­nais como a ONU, União Africana, CEDEAO e presidente­s de Portugal, São Tomé e Principie e Cabo Verde condenaram o cenário de violência. José Maria Neves apelou à normalidad­e na Guiné-Bissau e pediu que a constituiç­ão seja respeitada. O Governo de Cabo Verde também condenou a tentativa de golpe desta terça-feira, em Bissau, reiterando a sua solidaried­ade para com as autoridade­s guineenses, sem deixar de apelar para que a ordem constituci­onal vigore no país.

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