Guiné-Bissau continua à procura de culpados por tentativa de golpe de Estado
As autoridades da Guiné-Bissau continuam à caça aos culpados pela tentativa de golpe de Estado de 01 de Fevereiro. Acções de busca e revista de casas particulares para encontrar armas de uso militar têm sido desencadeadas desde a semana passada. O PAIGC mostrou-se contra a operação.
As Forças de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau têm colocado em prática as operações de busca de armas de uso militar durante a noite, informou fonte do Estado-Maior General, acrescentando que as operações “não tem carácter violento”.
No entanto, várias pessoas têm se queixado de “situações incómodas” nas suas residências no momento das revistas com relatos de abuso de poder por parte dos agentes das forças de ordem, como denuncia o presidente da Rede de Defensores dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau, Fodé Mané.
As operações são criticadas também pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que considera as acções “abusivas, ilegais e intimidatórias”. Para o partido, as “ditas buscas e revistas perpetradas pelo regime são coincidentes com a vaga de detenções, intimidações e perseguições num cenário que se assemelha ao estado de sítio ou de terror”.
Contudo, o Estado-Maior das Forças Armas Guineenses explica que a ordem que foi dada aos elementos que participam dessas operações é bater à porta, anunciar, entrar e revistar, “sem causar problemas a ninguém”. Avança ainda que as operações são desenvolvidas por militares do batalhão do exército, da Marinha e da Força Aérea, bem como elementos da Guarda Nacional que também tenta encontrar “eventuais feridos” que possam ter estado nos ataques aos Palácio do Governo.
PAIGC adia congresso
Com os acontecimentos do passado dia 1, o PAIGC viu-se obrigado a adiar o seu décimo congresso que deveria arrancar hoje, 17, para o próximo mês de Março. A decisão foi tomada para na comissão
permanente, sob presidência do líder do partido, Domingos Simões Pereira, para analisar a situação política do país e os preparativos do X congresso.
O partido condena o que considera ser “intromissão indevida” da Presidência da República e do Governo nos assuntos internos do PAIGC, através de “manobras encapotadas” para dificultar a realização do congresso.
A comissão permanente refere também que decide “acatar as medidas restritivas impostas pelo estado de alerta contra a pandemia da covid-19 e adiar a data da realização do congresso.