A Nacao

Segurança social

-

Sem rendimento fixo, ou rendimento baixo, a vida não permite a estes pequenos operadores ter um salário claro e menos ainda fazer poupanças.

Com isso também, não conseguem inscrever-se no Instituto Nacional de Previdênci­a Social (INPS), por forma a acederem à assistênci­a que essa entidade presta aos seus contribuin­tes. O mínimo que o INPS exige é um salário mensal de 15 mil escudos (1º escalão).

Mais conhecida por Gu, Gumersina Ramos Medina é natural de Santo Antão e, como conta, veio para São Vicente à procura de melhores condições de vida.

Desde 2012 vende frescos na Praça Estrela. Viúva, vive na Ribeira de Craquinha numa habitação de lata com os cinco filhos, sendo que os outros dois já não vivem com ela. Dos sete filhos apenas um trabalha quando aparece.

Embora inscrita no cadastro social, Gu conta que nunca foi beneficiad­a de nada, nem tão-pouco os filhos órfãos. Para esta vendedeira, os desafios repetem-se todos os dias.

Para abrir a banca tem de ter os 110 escudos.

Uma outra conta, também sagrada, é com os fornecedor­es dos hortícolas que vende. Acredita que, caso tivesse como pagar a pronto o que recebe, as coisas seriam mais fáceis e a margem de lucros maior. A NAÇÃO perguntou-lhe se conhece organismos que concedem microcrédi­tos (Morabi, OMCV...), mas a resposta foi negativa.

Para esta vendedeira e viúva, alimentar a sua família está a tornar-se cada vez mais difícil. Se antes da covid-19 a luta já era difícil, agora, com a pandemia e a carestia de vida, fruto da falta de trabalho que vai por São Vicente, diz que há dias que não consegue levar nenhum dinheiro para casa. Muitas vezes, o que ganha mal dá para comprar um quilo de arroz.

Como confessa também, há muito que não sabe o que é ter três refeições por dia. O jantar é a refeição principal e o pequeno almoço se resume, na maioria das vezes, a um pão com chá. Sim, com tão pouco, há momentos que sente o estômago a gritar por comida. LL

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde