CMP reafirma interesse no KJF
Instalada a polémica em torno do Kriol Jazz Festival, a Câmara Municipal da Praia (CMP), através do responsável pelo sector da cultura, Jorge Garcia, diz que tem todo o interesse para que esse evento continue a existir.
De notar que nas primeiras tentativas do A NAÇÃO abordar o assunto, Jorge Garcia havia dito que a CMP estava a reconsiderar a sua decisão de adiar o festival de Abril para Junho.
Djô da Silva, por seu turno, afirmou-nos ter recebido um e-mail da CMP pedindo a retoma do festival em Abril, “nas mesmas condições”, mas que, a seu ver, isso deixara de ser “possivel”.
“Realizar o festival nas mesmas condições no período de tempo que nos resta é impossível. Hoje em dia, por exemplo, as passagens custam o dobro do preço e é uma das condições que não permitem realizar o festival em Abril. Respondemos o e-mail a recusar pelas condições que temos. O único jeito seria duplicar as verbas previstas, mas isso não seria viável. Por isso, pelas condições existentes, temos que esperar para ver o que teremos em Junho”, voltou a avançar o promotor ao A NAÇÃO.
Questões sanitárias justificaram pedido de adiamento da CMP
Ontem, quarta-feira, Jorge Garcia avançou a este jornal que o pedido de adiamento da CMP prendia-se, unicamente, a questões sanitárias.
“A situação sanitária estava um pouco complicada, por isso, propusemos passar o festival para Junho, na mesma altura em que acontece o Atlantic Music Expo (AME), como tinha sido tradicionalmente. Depois que o Governo afrouxou as medidas, retirando o estado de contingência, fizemos uma outra tentativa insistindo com o promotor para manter a data agendada inicialmente, em Abril”.
Confrotado com a posição da Harmonia de que o adiamento se deveu à falta de engajamento financeiro da CMP, Jorge Garcia diz que “no Kriol Jazz Festival de 2020 foi adiantado uma verba de 10 mil contos”.
“Em princípio, nas nossas contas, ficaram a faltar 5 mil contos já que o orçamento total do festival é de 15 mil contos anualmente. Foi depois que surgiram as questões da pandemia é que o festival não se realizou. Portanto, nas nossas contas, nós tínhamos mais 5 mil contos para atribuir, dado que os outros 10 mil contos já tinham sido entregues para o festival de 2020”, alega também.
Entretanto, continua o nosso interlocutor, “dado que a organização do festival apresentou outros constrangimentos, propusemos mais 8 mil contos em vez de cinco. Só que, uma vez mais, com os impasses que surgiram novamente, as novas medidas sanitárias, atrapalharam tudo e o tempo ficou curto. Mesmo assim, tentamos, mas infelizmente já não dá para voltar atrás e fazer com que o Festival seja em Abril, como o previsto inicialmente”.
Jorge Garcia confirma que a CMP tentou reconsiderar a sua posição inicial, quando admitiu a possibilidade de o festival acontecer com as novas medidas anunciadas recentemente pelo Governo.
“Tendo em conta a importância que o Kriol Jazz Festival já obteve, jamais poderíamos dizer que não queríamos realizar este festival. Acreditamos na importância deste evento. Trata-se de um festival já consagrado na cidade da Praia”.
Apelo a uma maior compreensão das partes envolvidas no KJF
Entretanto, diante do adiamento, agora para Junho, Jorge Garcia assegura que a CMP vai fazer todos os possíveis para que nessa data se realize o KJF.
“Mas temos que saber também se todos os outros promotores cumpriram ou não com a sua parte. Da nossa parte, estamos a fazer alguns arranjos em termos de mobilização financeira para que o festival tenha lugar”, garantiu realçando que toda esta situação é alheia a todos, “sem culpar ninguém”.
“Até porque, o contrato que temos assinado com a Harmonia, em vigor até 2023, é claro neste aspecto. Havendo culpa de um dos lados, este assume todas as consequências. Do nosso lado, apenas por motivos de força maior e não por falta de vontade política da CMP, é que o festival não acontece agora, em Abril. Entendemos que deve haver uma maior compreensão de todas as partes envolvidas, inclusive dos artistas que já receberam o adiantamento, para a situação em que todos nos encontramos neste momento”, termina.