A Nacao

Sucesso do Kriol Jazz construído passo a passo

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Aprimeira edição do Kriol Jazz Festival (KJF) aconteceu em 2009, uma iniciativa da Harmonia Lda em parceria com a Câmara Municipal da Cidade da Praia, então presidida por Ulisses Correia e Silva.

A ideia central passava por promover a música de “inspiração crioula”, originária de todas as ilhas que passaram por miscigenaç­ões, nas Caraíbas, Oceano Índico, além de Cabo Verde, é claro.

Proposta de Djô da Silva

A proposta foi apresentad­a por Djo da Silva, o produtor que lançou Cesária Évora ao mundo, iniciando assim uma parceria para trazer “mais música” para Cabo Verde.

Até porque o evento, de três dias, surgia como prolongame­nto do AME (Atlantic Music Expo), este patrocinad­o pelo Ministério da Cultura, a cargo então de Mário Lúcio Sousa.

Ou seja, além do festival de jazz em si, os participan­tes do AME podiam aceder a workshops, entre outros eventos, relacionad­os com a música na primeira semana de Abril, actuando depois no KJF.

Tcheka: primeiro a subir ao palco do KJF

O cabo-verdiano Tcheka foi o primeiro a subir ao palco do KJF, na Praça da Escola Grande, no Platô, seguido de Bau e Voginha, entre outros artistas nacionais, a par de Meddy Gerville (Reunião), Lenine (Brasil), Regis Gizavo (Madagáscar), Ba Sissoko (Guiné-Conakry), Mário Canonge & Ralph Tamar (Martinica) e Jorge Reyes (Cuba).

Com o sucesso, o KJF prosseguiu, nos anos seguintes, atraindo cada vez mais um público ávido e entusiasta, estendendo-se o gosto pelo jazz a outras ilhas.

Além da Praia, a 12ª edição, prevista para Abril e adiada agora para Junho, deveria ter uma extensão na ilha do Sal. Nomes impensávei­s na agenda cultural do país

Pelo KJF já passaram artistas como Seu Jorge, Esperanza Spalding, Richard Bona, Ralph Thamar & Mario Canonge, Kenny Garrett, Ismaël Lô, Jacques Morelenbau­m, Jowee Omicil, Manhattan Transfer, Stanley Jordan, Ballake Sissoko, Vincent Segal, Maria Gadú, Manu Dibango, Paulo Flores, Habib Koité, os Tavares Brothers, entre outros. A maioria desses nomes, até então, eram impensávei­s na agenda cultural cabo-verdiana.

Risco de declínio

Entretanto, nos últimos dois anos, com a covid-19, o KJF vem sendo adiado, estando por acontecer a 12ª edição, agora, em Junho, caso acontecer, realmente.

A primeira vez que a organizaçã­o precisou adiar o evento foi em 2020, com o anúncio do primeiro estado de emergência no país por causa da covid-19. Em 2021, como seria de se esperar, dado o contexto pandêmico, o evento voltou a ser cancelado.

Na esperança de que neste ano de 2022 se conseguiri­a celebrar o regresso do KJF, a organizaçã­o anunciou que o mesmo estaria de volta nos dias 7, 8 e 9 de Abril. Contudo, a um mês do previsto, eis que a organizaçã­o volta a suspender, ou adiar, a realização do KJF, desta feita, alegadamen­te, por falta de recursos.

O Kriol Jazz Festival depende, largamente, do seu principal financiado­r, a Câmara Municipal da Praia, que cobre 40 % dos 35 mil contos do seu orçamento. O Governo, com 10%, é um outro importante “sponsor”.

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