Moscovo e Kiev acordam corredores humanitários
A guerra na Ucrânia segue imparável. Uma terceira ronda de negociações entre Moscovo e Kiev terminou sem acordo de cessar-fogo. Contudo, pequenos progressos como o estabelecimento de corredores humanitários foram estabelecidos entre os dois países para a retirada de civis da Ucrânia.
AUcrânia espera a entrada em vigor de “tréguas locais” em várias cidades anunciadas pela Rússia, depois de ter rejeitado uma proposta anterior de corredores humanitários que deveriam conduzir os refugiados para território russo ou bielorrusso.
Contudo, não tardou para que, na terça-feira, o governo da Ucrânia denunciasse a violação do “cessar-fogo local” por parte das tropas russas, com o lançamento de um ataque ao corredor humanitário de Mariupol. O Ministério da Defesa disse que o exército russo não deixou que crianças, mulheres e idosos abandonassem a cidade, com relatos de ataques a civis enquanto tentam fugir da guerra.
“Alvejar civis é um crime de guerra e é totalmente inaceitável. Precisamos de corredores humanitários reais, que sejam totalmente respeitados”, avançou o secretário–geral da NATO, Jens Stoltenberg, que se mostrou empenhado em evitar que o conflito militar se espalhe para além da Ucrânia.
O presidente ucraniano, Voloydymyr Zelensky, tem-se mostrado céptico em relação às iniciativas russas para um cessar-fogo, uma vez que tentativas anteriores de evacuação de civis em segurança falharam. A Ucrânia prefere que os evacuados sejam enviados para a região ocidental do país, onde não há bombardeamentos.
ONU pede “Corredores Seguros”
O subsecretário-geral das Nações Unidas para assuntos humanitários e coordenação de operações de emergência, Martin Griffiths, alerta que a ONU precisa de corredores seguros para fornecer ajuda humanitária em zonas de combate.
“Civis em zonas como Mariupol, Kharkiv, Melitopol e outros locais precisam desesperadamente de ajuda, especialmente suplementos médicos que salvam vidas”, adiantou Griffiths, indicando que são possíveis muitas modalidades e que deve ser feito em conformidade com as obrigações das partes sob as leis da guerra.
Até o momento a ONU não tem envolvido em corredores humanitários negociados entre a Rússia e a Ucrânia, para que os civis possam fugir do conflito em segurança, de acordo com o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
O número de pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de Fevereiro, já ultrapassou os dois milhões. Segundo a Organização Mundial das Migrações, esta é “a mais significativa vaga de refugiados”, superior aquela que se verificou em 2015 com a chegada dos sírios, através da Grécia, aos países da Europa Central e Superior.
Novos acordos
Nesta quarta-feira, 9, os russos e ucranianos chegaram a um novo acordo sobre o cumprimento do cessar-fogo local em zonas onde foram estabelecidos corredores humanitários para a retirada de civis.
Os corredores humanitários devem funcionar em seis zonas onde se registam confrontos e ataques. O acordo prevê a retirada de civis de Energodar através de Zaporojie (Sul), de Izioum para Lozova (leste) e de Sumy para Poltava (nordeste).
Enquanto isso, a Rússia continua a ser alvo de sanções como, por exemplo, o embargo dos EUA colocou aos produtos petrolíferos russos. Várias marcas internacionais anunciaram a suspensão das atividades em território russo.
A Rússia atacou a Ucrânia a 24 de Fevereiro e como exigência tem solicitado a deposição de armas por parte da Ucrânia, uma emenda constitucional que declara a Ucrânia neutra, impedindo-a de aderir à NATO ou à União Europeia, reconhecimento da Crimeia como território russo e reconhecimento da independência de Lugansk e Donetsk.