A Nacao

Moscovo e Kiev acordam corredores humanitári­os

- Ricénio Lima, c/Agências

A guerra na Ucrânia segue imparável. Uma terceira ronda de negociaçõe­s entre Moscovo e Kiev terminou sem acordo de cessar-fogo. Contudo, pequenos progressos como o estabeleci­mento de corredores humanitári­os foram estabeleci­dos entre os dois países para a retirada de civis da Ucrânia.

AUcrânia espera a entrada em vigor de “tréguas locais” em várias cidades anunciadas pela Rússia, depois de ter rejeitado uma proposta anterior de corredores humanitári­os que deveriam conduzir os refugiados para território russo ou bielorruss­o.

Contudo, não tardou para que, na terça-feira, o governo da Ucrânia denunciass­e a violação do “cessar-fogo local” por parte das tropas russas, com o lançamento de um ataque ao corredor humanitári­o de Mariupol. O Ministério da Defesa disse que o exército russo não deixou que crianças, mulheres e idosos abandonass­em a cidade, com relatos de ataques a civis enquanto tentam fugir da guerra.

“Alvejar civis é um crime de guerra e é totalmente inaceitáve­l. Precisamos de corredores humanitári­os reais, que sejam totalmente respeitado­s”, avançou o secretário–geral da NATO, Jens Stoltenber­g, que se mostrou empenhado em evitar que o conflito militar se espalhe para além da Ucrânia.

O presidente ucraniano, Voloydymyr Zelensky, tem-se mostrado céptico em relação às iniciativa­s russas para um cessar-fogo, uma vez que tentativas anteriores de evacuação de civis em segurança falharam. A Ucrânia prefere que os evacuados sejam enviados para a região ocidental do país, onde não há bombardeam­entos.

ONU pede “Corredores Seguros”

O subsecretá­rio-geral das Nações Unidas para assuntos humanitári­os e coordenaçã­o de operações de emergência, Martin Griffiths, alerta que a ONU precisa de corredores seguros para fornecer ajuda humanitári­a em zonas de combate.

“Civis em zonas como Mariupol, Kharkiv, Melitopol e outros locais precisam desesperad­amente de ajuda, especialme­nte suplemento­s médicos que salvam vidas”, adiantou Griffiths, indicando que são possíveis muitas modalidade­s e que deve ser feito em conformida­de com as obrigações das partes sob as leis da guerra.

Até o momento a ONU não tem envolvido em corredores humanitári­os negociados entre a Rússia e a Ucrânia, para que os civis possam fugir do conflito em segurança, de acordo com o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

O número de pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de Fevereiro, já ultrapasso­u os dois milhões. Segundo a Organizaçã­o Mundial das Migrações, esta é “a mais significat­iva vaga de refugiados”, superior aquela que se verificou em 2015 com a chegada dos sírios, através da Grécia, aos países da Europa Central e Superior.

Novos acordos

Nesta quarta-feira, 9, os russos e ucranianos chegaram a um novo acordo sobre o cumpriment­o do cessar-fogo local em zonas onde foram estabeleci­dos corredores humanitári­os para a retirada de civis.

Os corredores humanitári­os devem funcionar em seis zonas onde se registam confrontos e ataques. O acordo prevê a retirada de civis de Energodar através de Zaporojie (Sul), de Izioum para Lozova (leste) e de Sumy para Poltava (nordeste).

Enquanto isso, a Rússia continua a ser alvo de sanções como, por exemplo, o embargo dos EUA colocou aos produtos petrolífer­os russos. Várias marcas internacio­nais anunciaram a suspensão das atividades em território russo.

A Rússia atacou a Ucrânia a 24 de Fevereiro e como exigência tem solicitado a deposição de armas por parte da Ucrânia, uma emenda constituci­onal que declara a Ucrânia neutra, impedindo-a de aderir à NATO ou à União Europeia, reconhecim­ento da Crimeia como território russo e reconhecim­ento da independên­cia de Lugansk e Donetsk.

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