“Construímos, de raiz, a primeira Companhia Financeira de Cabo Verde”
Augusto Vasconcelos Lopes é um dos fundadores da Ímpar Seguros. Uma figura incontornável do sector que hoje guarda com saudade as experiências vividas ao longo destas 30 décadas, mas, especialmente, os desafios ultrapassados, juntamente, com o saudoso Corsino Fortes, seu “Mestre”, para que a empresa seja hoje uma marca indelével de sucesso. Em entrevista, partilha alguns desses momentos, mas, outros, guarda em segredo, bem guardado. Certo de que, quando criaram a empresa, estava longe de imaginar que um dia se tornaria num Grupo Financeiro.
Oque esteve na génese ou o que motivou a criação da Ímpar, há 30 anos atrás?
Há 30 anos atrás, não se pensou o Grupo que hoje temos, o Grupo Financeiro IMPAR. A nossa preocupação foi a de aproveitar a oportunidade da abertura do Sector Financeiro aos privados, para constituir, de raiz, a primeira Companhia Financeira privada de Cabo Verde, que veio a tomar o nome de IMPAR - Companhia de Seguros de Cabo Verde, S.A.R.L. Isto porque eu era, na altura, Agente de uma Companhia de Seguros, com êxito, e sabia que o negócio era bom!
Naquela altura, formou a Ímpar juntamente com quem?
A junção de possíveis Accionistas, antes da abertura oficial do Sector aos Privados, é um segredo que guardo - e que remonta a Fevereiro de 1991.
Qual era o vosso capital social inicial naquela altura? Foi difícil arranjar financiamento?
O capital social inicial foi de 200.000.000$00, por imposição da Lei. Era difícil reunir todo este valor em Cabo Verde, razão porque, com o patrocínio da influência da grande figura do Projecto, o meu sagrado Mentor, - o saudoso amigo Dr. Corsino Fortes, numa reunião em Lisboa, nos escritórios de um grande amigo seu (Sr. António Simões), conseguimos reunir consenso para o arranjo do Capital, com a entrada da Companhia de Seguros Império e da Sociedade Portuguesa Rádio-Marconi, salvaguardando, todavia, a matriz Cabo-verdiana da Empresa e a sua Sede em São Vicente.
Foi difícil criar uma empresa de seguros naquela época? Quais foram os desafios enfrentados, na altura?
Sim! Foi difícil, porque implicou ter um capital elevado e o depósito antecipado da totalidade no Banco, condição “sine qua no” para se fazer a Escritura da Sociedade. O grande desafio foi motivar os cabo-verdianos, e, felizmente, viemos a conseguir a sua adesão com visitas porta-a-porta, contando com o apoio e o alto prestígio dessa figura ímpar que era o Dr. Corsino Fortes! Não havia muita procura, mas foi com argumentos credíveis e espírito de grande persuasão, que conseguimos mobilizar potenciais Accionistas.
Como tem visto o crescimento da Ímpar ao longo destas três décadas?
O crescimento da Ímpar, ao longo destes 30 anos, tem-me trazido enorme satisfação. Hoje, de facto, podemos dizer que existe “O Grupo IMPAR”, com uma acção nacional abrangente, construída dentro dos pressupostos que nortearam a sua criação, e o papel dos seus trabalhadores, nesta última década, tem sido a chave do sucesso que tanto me orgulha.
Realidades diferentes Na altura, a realidade do mercado era certamente diferente... Agora temos as novas tecnologias, por exemplo, que vieram facilitar tudo, ou não?
Sim, a realidade era diferente. Os seguros eram angariados por Agentes de Companhias Portuguesas (como era, aliás, o meu caso). As coisas mudaram, grandemente, porque as agências foram proibidas, e os seguros passaram a ser feitos apenas por Companhias nacionais cabo-verdianas. As novas tecnologias vieram na verdade facilitar o nosso trabalho, e isso foi muito bom porque a retenção de valor no país teve o seu impacto importante.
Quais foram para si os momentos mais marcantes nestes 30 anos?
Para mim, os momentos mais marcantes foram a Reunião que eu e o Dr. Corsino tivemos em Lisboa com o Empresário Sr. António Simões (que apoiou de imediato a nossa ideia e envolveu as duas referidas Empresas, - a Império e a Marconi), e a entrega ao primeiro segurado o então Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Dr. Carlos Veiga.
Ressalvo que, sem essa imemorável visita que eu e o Dr. Corsino fizemos em Lisboa, e sem a obtenção do “know how” do Império, não teríamos tão facilmente conseguido criar esta primeira Companhia Privada no nosso País, consagrado com essa entrega da Apólice nº 1 ao meritoso primeiro Segurado - o então primeiro Primeiro-Ministro, eleito por sufrágio universal no nosso País.
Como sentiu e viveu, o que representa para si a homenagem que o Grupo Ímpar fez aos fundadores?
Vivi com profunda emoção e orgulho a Gala dos 30 Anos do Grupo Ímpar, que incorporou a apresentação do livro “A obra quase completa” do meu avô, Luís Loff de Vasconcelos, bem assim como a sublime homenagem que o Grupo fez aos Fundadores da Ímpar, dos quais tenho o orgulho de fazer parte.