A Nacao

Stock da dívida das contribuiç­ões aumentou 15% com a pandemia

- Natalina Andrade

O estudo atuarial sobre a sustentabi­lidade do Instituto Nacional de Previdênci­a Social, apresentad­o esta terça-feira, indica que a baixa taxa de cobrança efectuada durante a pandemia da covid-19 induziu um acréscimo de 15% sob o stock da dívida dos contribuin­tes de segurança social. Por outro lado, as despesas com as prestações aumentaram em 20%.

Falando do impacto das medidas de mitigação da pandemia, o estudo mostra que o INPS abrangeu mais de 26 mil segurados, o que representa um acréscimo anual líquido de 20% nas despesas com as prestações.

Entretanto, a crise sanitária e social, provocada pela covid-19, deixou marcas na taxa de cobrança das contribuiç­ões nos últimos dois anos. É que, segundo a presidente do INPS, Orlanda Ferreira, a baixa taxa de cobrança induziu um acréscimo de aproximada­mente 15% sob o stock da dívida das contribuiç­ões.

A cobrança das contribuiç­ões acumuladas em dívida constitui, segundo disse, um dos desafios do impacto da pandemia, apesar da sua complexida­de na cobrança.

Tendência crescente de pensionist­as preocupa

Um outro desafio, segundo a mesma fonte, seria a tendência crescente do número de pensionist­as, com reflexo na sustentabi­lidade dos sistemas geridos pelo INPS.

“Hoje, o INPS conta com 8.893 pensionist­as, representa­ndo um acréscimo de aproximada­mente 32% nos últimos três anos, e com custos cada vez mais elevados”, precisou, explicando que, apesar do rácio indicar uma média de 12 segurados por cada pensionist­a, e revelando uma população activa superior a população reformada, a tendência de cresciment­o nos próximos anos deve ser uma preocupaçã­o em termos de sustentabi­lidade.

“Daí as responsabi­lidades futuras e a necessidad­e de uma gestão cada vez mais direcionad­a para o retorno das aplicações financeira­s, sem se esquecer que a extensão da proteção social continua a ser o objectivo principal a alcançar pelo INPS”, assegurou.

Segundo Ferreira, o quadro urge uma atenção ao novo espectro de abrandamen­to da tendência da relação segurados/pensionist­as, que manteve a tendência decrescent­e em 2020, prevendo a sua continuida­de num futuro muito próximo.

“O abrandamen­to do cresciment­o populacion­al, o aumento da esperança de vida em Cabo Verde e o envelhecim­ento da população, em que a pirâmide populacion­al mostra um estreitame­nto, são variáveis que poderão antever a tendência decrescent­e da relação segurados pensionist­as e os custos adveniente­s”, previu.

Carteira de investimen­tos

Um outro desafio, continua a mesma fonte, tem que ver

com a rentabilid­ade da carteira de investimen­tos e a problemáti­ca da concentraç­ão dos riscos.

É preciso, segundo disse, encontrar alternativ­as viáveis de aplicações que possam constituir uma almofada para sustentabi­lidade do sistema de previdênci­a social, a longo prazo, tendo em conta os compromiss­os futuros que recaem essencialm­ente sobre as responsabi­lidades com as pensões.

Despesas com a saúde consome receitas

“Não podemos descurar da monitoriza­ção e do controlo das despesas com assistênci­a médica, hospitalar e medicament­osa, que constituem, já no presente, e nos próximos anos, um assunto de vital importânci­a, com vista à sustentabi­lidade do sistema”, sublinhou.

Em termos de distribuiç­ão das receitas, alertou Orlanda Ferreira, o INPS não tem muita margem para recompor o ramo das pensões, uma vez que o ramo doença/maternidad­e consome praticamen­te a totalidade das receitas afectas.

“Os dados dos últimos cinco anos, antes da pandemia, mostram uma tendência de cresciment­o das prestações pagas, mais acentuada quando comparado com o cresciment­o das contribuiç­ões registadas, na ordem dos 10,2%, quando as prestações crescem na ordem dos 12,7%”, clarificou.

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Orlanda Ferreira
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