A Nacao

António Pedro Borges acusa Câmara da Praia de quebra de contrato

- Natalina Andrade

As instalaçõe­s do Clube de Golfe e Ténis da Praia (CGTP), na Várzea, foram demolidas, na segunda-feira, 4, por ordem da Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) em Cabo Verde. Sem saída, o presidente do CGTP, António Pedro Borges, diz que vai levar o caso ao tribunal, acusando a autarquia de quebra do contrato firmado, segundo o qual o clube só abandonari­a o espaço após receber novas instalaçõe­s, que ainda estão por construir, no Palmarejo.

Ademolição das instalaçõe­s do CGTP aconteceu na segunda-feira, 4, mas não foi de todo uma surpresa para o seu presidente, António Pedro Borges, que já temia este desfecho, tendo em conta que o negócio estava a avançar entre a Câmara Municipal da Praia (CMP) e a Embaixada dos EUA.

A ntónio Pedro Borges também lamentou que, em contrapont­o com esta demolição, no Palmarejo, onde deveriam estar a decorrer as obras das novas instalaçõe­s, com previsão inicial para estarem prontas em Agosto, até a placa anunciando o empreendim­ento desaparece­u “misteriosa­mente”.

Borges recorda que as negociaçõe­s para a transferên­cia do CGTP, da Várzea para o Palmarejo, decorrem há cerca de quatro anos, quando a agremiação soube que o então edil Óscar Santos estava a negociar, com a embaixada americana, a cedência de terrenos que eram do clube.

Memorando de entendimen­to e contrato

Segundo diz, a tempo e horas, fizeram saber que os terrenos não pertenciam à autarquia e foram feitas as negociaçõe­s para resolver o problema.

Na altura, o processo negocial entre as partes conduziu a um

memorando de entendimen­to e, posteriorm­ente, um contrato de permuta, assinado em Outubro de 2019 e de que é parte também o memorando de entendimen­to, que estabeleci­a que o CGTP “transmitir­á a CMP o direito de propriedad­e sobre a parcela de terreno (de 20.000m2), mediante a disponibil­ização pela CMP de um terreno localizado em Palmarejo, com uma área total de 4626m2, para a edificação de quatro campos de ténis, bem como a construção, nesse local, das instalaçõe­s do CGTP, sendo que os financiame­ntos das construçõe­s serão totalmente assumidos pela CMP”.

Esse acordo, diz também António Pedro Borges, previa um conjunto de regras, muito bem desenhado, que foi aprovado em Assembleia Municipal, e que englobam, para além das novas instalaçõe­s, todos os seus equipament­os e um fundo de maneio para garantir o seu funcioname­nto.

Nova equipa camarária paralisou processo

Após o adiamento do arranque das obras, por causa da covid-19 e a entrada de uma nova equipa na autarquia, garante a mesma fonte, o actual edil, Francisco Carvalho, num primeiro encontro com o CGTP, mostrou-se disponível em dar continuida­de ao contrato, tendo, inclusive, promovido o concurso para adjudicaçã­o das obras de construção das novas instalaçõe­s.

Entretanto, várias reuniões realizadas se mostraram infrutífer­as e as negociaçõe­s paralisara­m.

Mesmo com o resultado do concurso validado pela Autoridade Reguladora das aquisições Públicas (ARAP) em finais de 2020, a obra nunca foi adjudicada à empresa vencedora.

Segundo o presidente do CGTP, a justificat­iva da CMP foi que o dinheiro oferecido pela embaixada era inferior ao valor do custo da obra das novas instalaçõe­s, facto que, segundo diz, a ser verdade, é culpa e responsabi­lidade da Câmara Municipal que o negociou.

“Mesmo sem cumprir a sua parte, esta câmara pegou uma parte do contrato que lhe convinha e permitiu que a embaixada registasse os terrenos emseu nome. Por isso é que dizem que agora legalmente são donos do terreno e é verdade. Só que esse registo era condiciona­do pelo cumpriment­o do contrato, enquanto condição prévia para assumirem a posse”, explicou a mesma fonte.

Entre os compromiss­os assumidos pela autarquia, no âmbito do contrato com o CGTP, consta a execução de todas as obras do programa acordado entre as partes e a disponibil­ização de todos os documentos necessário­s para a transmissã­o da propriedad­e dos terrenos.

Ainda, segundo o documento consultado pelo A NAÇÃO, a CMP deveria “adoptar todas as medidas necessária­s para garantir a prática de golfe em Monte Vaca, na atual localizaçã­o, até a operaciona­lização das obras de urbanizaçã­o junto ao Estádio Nacional” e “integrar a localizaçã­o de um novo campo de golfe no Plano Urbanístic­o da cidade”.

Assédio da embaixada dos EUA

Segundo António Pedro Borges, a embaixada dos EUA já vem assediando o clube há algum tempo, começando por derrubar um muro de vedação que delimita o terreno, juntamente com duas casas que haviam ali e que abrigavam duas famílias, e depois com o “roubo” de redes de ténis, arrancadas com tesoura, por um funcionári­o da instituiçã­o.

A última tentativa de contacto com a CMP aconteceu depois deste episódio, nos finais de Março último, através de uma carta, que foi entregue também à embaixada.

Por isso, elucidou que, ao contrário daquilo que foi alegado pela embaixada, a mesma tinha conhecimen­to do contrato assinado com o clube, tendo em conta as cartas trocadas com o seu conhecimen­to e o próprio memorando de entendimen­to que foi enviado à instituiçã­o diplomátic­a.

“Eu enviei-lhes o memorando de entendimen­to todo sublinhado, para eles verem as partes do contrato que tinha condições prévias à entrega dos terrenos, portanto, não podem dizer que não sabiam”, alegou.

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António Pedro Borges
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