A Nacao

“Recebo este prémio num momento em que se nota que há uma tentativa de cercear a imprensa livre”

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Daniel Almeida, que já vai no seu terceiro PNJ, além de outros reconhecim­entos a nível nacional, diz que encara esta nova premiação com “muita naturalida­de”, “sem a ansiedade da primeira vez”, mas também com a “responsabi­lidade de sempre”, para continuar a fazer um jornalismo credível.

“Recebo este prémio num momento em que se nota que há uma tentativa de cercear a imprensa livre, com investidas de vários lados. Este reconhecim­ento é uma resposta àqueles que nos tentam silenciar através de processos no tribunal, queixas junto da ARC (Autoridade Reguladora para a Comunicaçã­o Social) e outros espaços, às vezes, de forma traiçoeira. Infelizmen­te, entre aqueles que procuram inibir-nos estão instituiçõ­es do Estado, que preferem a intranspar­ência em vez de prestar contas à sociedade”.

Por isso, diz Almeida, este PNJ surge em boa hora. “Vem reconhecer e recompensa­r o nosso trabalho, que não é fácil. Eu e o Jornal A NAÇÃO vamos continuar a fazer o nosso trabalho, no sentido de prestar um serviço público, informando a população sobre o que passa no país e alertar as pessoas a estarem atentas a situações menos boas durante a governação do país”, garantiu, salientand­o que, diante dos vários sinais, nunca o jornalismo foi tão importante para as sociedades que querem permanecer livres e democrátic­as.

De relembrar que a reportagem “Contrato secreto com islandeses”, publicada na edição nº 733, do A NAÇÃO de 16 de Setembro de 2021, deu muito que falar na altura. O artigo deixou a nu a presença ruinosa dos islandeses na gestão da TACV/CVA, algo até então negado pelo Governo.

A referida edição do jornal A NAÇÃO trouxe também, em exclusivo, o controvers­o contrato assinado, em Março de 2021, entre o accionista Estado e a Loftleidir, dando conta, igualmente, da célebre cláusula de confidenci­alidade em torno do controvers­o negócio, também negado pelo Governo durante muito tempo.

Afora isso, acresce-se o facto de o contrato ter sido feito em inglês, quando, por lei, devia ter sido em português, por ser essa a língua oficial do Estado de Cabo Verde.

Tudo isso levou o júri do PNJ a considerar aquele artigo de Daniel Almeida como sendo o mais importante trabalho jornalísti­co colocado à sua apreciação a nível da imprensa escrita em 2021.

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