“O facto de receber este prémio no momento em que já não exerço o jornalismo não faz a diferença”
Apesar de ser o seu segundo Prémio Nacional de Jornalismo, Aidê Carvalho diz que este, de 2021, tem um “sabor especial”, tendo em conta o momento em que chega.
“Vencer este prémio significa muito para mim, apesar de ser o segundo. Perdi a minha mãe há seis meses e prometi a mim mesma que iria transformar a minha dor em força, e este prémio é a prova disso. É o resultado de todo o meu esforço e a minha dedicação para superar a tristeza e ser motivo de orgulho e de inspiração”, contou a ex-jornalista da TCV.
Aidê Carvalho, que agora exerce o cargo de assessora especial do Presidente da República, considera que agora a responsabilidade é maior no exercício das suas missões, independente de estar ou não no jornalismo.
“O facto de receber este prémio no momento em que já não exerço o jornalismo não faz a diferença. Estando em qualquer função é um incentivo para continuar a desempenhar ainda melhor as minhas funções. É como se fosse o ‘combustível’ para prosseguir a minha caminhada com mais força e foco no novo desafio que tem sido muito gratificante”, indicou.
Quanto à reportagem premiada, Carvalho diz que não fugiu à regra dos grandes trabalhos sociais, uma área à qual muito se identifica.
“Para fazer uma reportagem social e conseguir passar a mensagem pretendida, no meu entender, é preciso ter alguma sensibilidade e empatia (colocar-se no lugar do outro)”, contou.
Deste modo, afirma que toda a equipa envolvida na reportagem ora premiada conseguiu espelhar a realidade vivenciada de uma forma mais fiel possível.
“Penso que a reportagem ‘Um outro Olhar’ conseguiu ‘tocar a alma’ e mexer com a mente de quem teve a oportunidade de assisti-la na TCV e nas redes sociais. Tanto eu como a Nilza Almeida (personagem principal da reportagem) sentimos isso pelo feedback que recebemos dos telespectadores”, contou sobre o trabalho em que a invisual mostra como é o seu dia-a-dia, o relacionamento com a família (marido também invisual e uma filha de 17 anos), a sua vida profissional, dos sonhos e desafios.
Relativamente ao jornalismo cabo-verdiano em si, Aidê Carvalho entende que precisamos dar um salto considerando que “nos últimos anos até parece que tem regredido, quando deveria ser o contrário”.
“Actualmente há avanços em termos de tecnologias, as redacções estão melhores equipadas, há várias universidades com cursos na área, além de formações pontuais promovidas pela AJOC e outras instituições privadas. Sabemos que hoje, com as redes sociais, em que muitos cidadãos tentam fazer o papel do jornalista, o desafio ainda é maior. O jornalista é obrigado a ter maior rapidez na divulgação de informação, mas com responsabilidade. Isto é, acompanhar esta dinâmica de transformação e prestar um serviço de qualidade de acordo com as exigências actuais”, observou Aidê Carvalho, jornalista de formação, que exerceu a profissão na TCV entre 2008 e 2021, para além de outras experiências adquiridas antes, nomeadamente, no jornal “A Semana”.