Antero Simas, Prémio Carreira da SCM
O vencedor de Prémio Carreira, da SCM, foi para Antero Simas, que, embora ausente, não deixou de enviar a sua mensagem através de vídeo, demonstrando a sua satisfação e emoção pela escolha do seu nome.
“As minhas emoções não têm limites, se calhar não merecia que Deus me desse tanto. É extraordinário o que recebi de Deus, da SCM e de Cabo Verde. Obrigado a todos os cabo-verdianos!”, disse Antero Simas, que se fez representar, presencialmente, pelos netos e pela filha Miriam Simas.
Antero Euclides Simas Correia e Silva nasceu na cidade da Praia, a 7 de Outubro de 1952, e vive actualmente nos EUA, por razões de saúde. Antigo funcionário da ASA, quase toda a sua vivência musical aconteceu na ilha do Sal. Este Prémio surge, por coincidência, no ano em que completará 70 anos de vida.
A sua aptidão para a música aconteceu bastante cedo, ainda na Praia, onde fez os estudos primários e secundários. Além do ambiente familiar, na zona do Platô, onde cresceu, quase todos os seus amigos executavam algum instrumento musical. Na década de 60, ajudou a criar “Os Apolos”, um dos primeiros grupos a explorar ritmos até então desconhecidos do grande público, um dos quais talaia baxu, da ilha do Fogo.
Em 1973, deixou Os Apolos para cumprir serviço militar em São Vicente, onde passa a integrar “Os Alegres”, liderado por Malaquias Costa, entre outros grupos, uns tradicionais e outros mais modernos.
Em 1974, cumprido o serviço militar, regressa à cidade da Praia e faz parte do África Show, um grupo fundado e dirigido por Cesário Duarte, influenciado na altura pelos Beatles e Rolling Stones. No ano seguinte, concorre a uma vaga no Sal e, em 1976, ingressa na ASA e constitui família. Aqui nascem-lhe os filhos.
No Sal o percurso musical de Simas muda completamente. Trava amizades, em especial, com o mestre Luís Rendall, com quem viria descobrir os encantos do solo do violão. Foi nessa altura que começou a compor mornas.
Na ilha do Sal integra o primeiro o “Voz de Djassi”, uma banda eléctrica, e em paralelo começa a tocar com a “Cacimba da madrugada”, grupo acústico que tentava dar algum tratamento através dos arranjos novos. Com o desaparecimento desses dois grupos, ainda no Sal, Simas cria o “Antero Simas e bandalhada”.
Das suas criações, a mais famosa é, sem dúvida, “Doce Guerra”, morna na qual expressa o seu amor por Cabo Verde, a partir das particularidades de cada ilha. Em 1988, essa composição é distinguida com o Prémio B. Leza, do então Ministério da Cultura. Em 2009, grava o CD “Crioulo” que reúne 22 temas compilados em 16 faixas cujo géneros variam entre mornas, coladeiras, funaná, além de fusões com afro-rock, afro-cubano, numa autêntica mestiçagem de culturas.
Em 2006, foi condecorado pelo presidente Pedro Pires com primeira classe da Medalha do Vulcão. Por razões de saúde, foi obrigado a mudar a sua residência para New Bedford, Estados Unidos da América.