“A imprensa vive no fio da navalha”
A imprensa em Cabo Verde está a viver no fio da navalha, exposta a uma precariedade na construção da realidade mediática e sua organização, com disfunções internas e externas, conforme notou o jornalista e professor João Almeida Medina, que abordou o papel dos media na promoção da democracia, na conferência “Mais liberdade e melhor democracia”, promovida pela Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC) e a Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC).
Em declarações a este semanário, à margem do evento, Almeida Medina, antigo colaborador do A NAÇÃO, explicou que a sua abordagem à realidade actual dos média centra-se nos processos e no caminho, que mostram que “há cada vez mais uma precariedade na construção da realidade mediática e do próprio jornalismo”.
Esta precariedade, segundo disse, passa pela sobre exploração e super exploração de jovens jornalistas que chegam às redacções, e alguma precariedade na organização, a começar, pelos “directores capatazes, editores omissos e submissos, jornalistas que se defendem através daquilo que eu não chamo de autocensura, mas de silêncio negociado”, enquanto estratégia de sobrevivência adoptada dentro das disfunções do sector e numa realidade complexa que se tenta omitir da esfera pública, “como se estivéssemos a viver um oásis na realidade africana”.
“E não estamos a viver neste oásis, até porque, há ameaças aos jornalistas, há uma tentativa de silenciamento por parte dos poderes públicos, através de várias estratégias, nomeadamente económica, política e judicial, portanto, não estamos num campo de ligeireza”, precisou. NA