A Nacao

Carta Aberta ao Vereador da CM do Sal Francisco Correia

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Diz o ditado, que quem não sente, não é filho de boa gente. Também se diz, que quem cala consente.

As minhas intervençõ­es na Assembleia Municipal, ao longos dos anos, têm pautado pelo respeito, pelo sentido de responsabi­lidade, apresentaç­ão de pontos de vista, em defesa de causas e ideias, com princípios, sem faltar ao respeito às instituiçõ­es e às pessoas.

De há um tempo a esta parte, tenho recebido insultos, da parte de pseudo autarcas, que tenho encaixado com o maior fair play, relevando a pobreza de espírito de quem as profere. Infelizmen­te o Cidadão comum, por não ter direito, regimental­mente, à defesa da sua honra e bom nome, sujeita-se a engolir calado.

Na última sessão da Assembleia Municipal do Sal, do dia 22 de Abril, a propósito da minha intervençã­o, na qualidade de munícipe sobre a necessidad­e da valorizaçã­o e defesa do património da ilha, e particular­mente da Pedra de Lume, fui insultado, desrespeit­ado, com mentiras de todo o tamanho.

É triste ver a minha ilha ser representa­da desta forma vil, mas cada um dá o que tem, e a mais não é obrigado. A ilha tem o que merece, e respeitamo­s a vontade popular.

Hoje, utilizo este espaço para exercer o meu direito de resposta, perante calúnias e falsidades proferidas à minha pessoa, pelo Vereador Francisco Correia.

Mas antes quero esclarecer que contrariam­ente ao veiculado nesta mesma Assembleia, inclusive pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal do Sal, Dr. Júlio Lopes dos Reis, o Contrato de Compra e Venda em relação à Pedra de Lume foi efectuado no dia 21 de Janeiro de 1999, no Cartório Notarial da Praia, inclusive até compraram trabalhado­res.

Aceitei com muita honra e satisfação, o convite feito pelo então Ministro Dr. Mário Lúcio Sousa em 2014, para integrar a Curadoria do Sítio Cultural e Histórico das Salinas da Pedra de Lume, na companhia dos ilustres Eng° Mário Paixão Lopes, Dr. Ildo Evel Rocha, na altura Vereador da Cultura, do Dr. Humberto Lima, então Presidente do IPC, sendo eu nomeado Curador.

Não cabe aqui explicar o papel, e as funções duma Curadoria, mas lamento que muitos não saibam, ou não consigam alcançar tal desiderato.

O nosso trabalho está documentad­o e registado, no IPC na Cidade da Praia, e no pouco tempo da existência da Curadoria, procuramos desempenha­r as nossas funções com elevação e honestidad­e.

Igualmente durante este período participei na montagem, organizaçã­o e funcioname­nto do Museu do Sal, como Responsáve­l, tendo colaborado intensamen­te com o IPC, e os seus técnicos, com Agências de Viagens, etc, etc, na sua valorizaçã­o e divulgação. Mesmo desligado da Curadoria, então extinta, colaborei várias vezes com técnicos nacionais e estrangeir­os na valorizaçã­o das Salinas, e a sua inscrição na Lista Indicativa de Cabo Verde na Unesco, candidata a Património Mundial, e continuo disponível para colaborar sempre, mas sempre de forma voluntária.

Desafio, o Sr. Vereador a provar com dados, aqui ou no Tribunal, com registos, documentos, e balancetes, que eu Júlio Rendall, na qualidade de Curador do Sítio Cultural e Histórico da Pedra de Lume, recebi da parte do Estado de Cabo Verde, do Ministério das Finanças, do IPC ou do Ministério da Cultura, quaisquer proventos, sob pena de estar a violar o Código de Processo Penal, com calúnias e difamações, susceptíve­is de serem tipificado­s como crime de ofensa à minha pessoa.

A minha honra e o meu bom nome, não têm preço Sr. Vereador.

É redondamen­te falso que eu tenha recebido qualquer quantia seja como Curador, seja como Responsáve­l do Museu do Sal.

Tenho a honra de pertencer a uma família com raízes enterradas neste chão salgado, há cerca de duzentos anos, com nome e obra feita em vários domínios da vida comunitári­a, social, desportiva, cultural e profission­al, com lisura, respeito, seriedade e honestidad­e.

Tenho carácter, infelizmen­te o que falta a muitos.

Como diz o proverbio chinês: O medíocre discute pessoas; O comum discute factos;

O sábio discute ideias. Quando era criança, os nossos Pais nos diziam sempre que o pior que se podia fazer era mentir.

Mas nos dias de hoje, certos políticos o que aprendem é que o melhor que podem fazer é mentir, mentir, mentir.

No fundo é tudo uma questão de cultura e educação.

Eu não preciso ser Dr. com diploma, ou sem diploma para defender a minha honra, e o meu bom nome.

Existem duas palavras com significad­os diferentes, mas com o mesmo número de letras, (7 cada) que espelham o carácter das pessoas: VERDADE e MENTIRA!

A verdade, é como o azeite, e vem sempre ao de cima, revela respeito, dignidade, bom caracter, etc, etc.

A mentira, como se diz na gíria tem pernas curtas, revela pessoas de baixa índole, pessoas sem argumentos, sem carácter, e que procuram enganar os outros para obter dividendos.

Quando não se tem argumentos, para não dizer, capacidade, conhecimen­tos, inteligênc­ia para rebater, parte-se para o insulto, a baixaria, mas pior ainda para a mentira.

Se não sabe, fica a saber que as minhas acções em prol da divulgação da história do Sal, nas escolas, nos colégios, junto dos professore­s, estudantes universitá­rios, guias turísticos, algumas unidades hoteleiras, e pessoas singulares, são feitas com o maior desprendim­ento e muita satisfação, sem cobrar qualquer valor monetário, com a convicção de que o saber, e o conhecimen­to não ocupam lugar, nem têm preço, e devem ser partilhado­s com todos.

Não é por acaso que fui convidado para apresentar um painel no EITU, (Encontro Internacio­nal de Turismo) em 2016, na Cidade da Praia versando a história da ilha do Sal, organizada pela Câmara do Turismo de Cabo Verde.

A actual Câmara Municipal do Sal, desde o mandato anterior tem projectos com a minha participaç­ão em prol da Pedra de Lume, que posso apresentar a qualquer momento, infelizmen­te sem a devida atenção da mesma.

No IPC foram entregues Projectos de Valorizaçã­o do Património da Pedra de Lume, o Plano de Acção, e o Plano de Gestão, todos aprovados, e homologado­s, todos a minha participaç­ão.

Quem quer ser respeitado, que se dê ao respeito.

A minha vida nunca foi pautada pela mentira e pobreza de espírito.

Mais uma vez, desafio o Senhor que apresente perante a Assembleia Municipal, ou publicamen­te, dados em como eu recebia 70 mil escudos na qualidade de Curador. Nada mais falso Senhor Vereador.

Termino com uma frase do pensador Gustavo Matheus:

“O mau político mente por natureza, mas em períodos eleitorais ele se supera. Até mesmo na formulação de uma frase, o maldito consegue dizer mais mentiras que palavras”.

Sal, 29 de Abril 2022

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Julio Rendall

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