A Nacao

Truques para desbastar caminho à Vinci

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O Governo, em 2019, abriu o caminho para facilitar e viabilizar o negócio com a Vinci. Para isso alterou a legislação existente, ajustando a lei, para a solução anunciada na semana passada, como sendo de “grande valor” para Cabo Verde.

Além disso, um outro desimpedim­ento passou por retirar, da legislação então em vigor, qualquer referência aos períodos máximos para a concessão da Lei, deixando essa matéria para ser livremente decidida pelo Conselho de Ministros.

E, para isso também, conforme a fonte do A NAÇÃO, “retirou poderes de intervençã­o da AAC no processo Ex Ante, enquanto regulador, passando a poder intervir apenas Ex Post.”

Trocado por miúdos, “a intervençã­o prévia da Autoridade da Aviação Civil pode ajudar o Governo a negociar e a preparar-se melhor e cometer menos erros no processo negocial. Se a negociação for mal feita e os Contratos e Cadernos de Encargos mal elaborados, falhos e lacunares, o regulador nada pode fazer ex post”.

O Governo também, segundo a nossa fonte, alterou o modelo regulatóri­o de Single Till para Dual Till, “apesar de todos os avisos, chamadas de atenção e parecer negativo da AAC (aliás a partir do momento em que o público tomou conhecimen­to do parecer desfavoráv­el da AAC o executivo alterou o Código Aeronáutic­o retirando quase todo o poder de regulação ex Ante à AAC, mesmo no que diz respeito às tarifas aéreas do mercado doméstico”.

Mas o “abrir do caminho” à Vinci contemplou outros aspectos. Um dos quais o modelo de privatizaç­ão por Ajuste Directo, o que levou o Executivo, também aqui, a alterar “o modelo de Concessão Geral dos Aeroportos à ASA e de Subconcess­ão dos Aeroportos, através da Concession­ária Geral e Airport Authority, passando a ser o Ministro das Finanças e o de Transporte­s e conduzir todo o processo, apoiado por uma Comissão Técnica de Acompanham­ento e Aconselham­ento (CTAA) competente que devia ser criada, no mínimo, por Portaria, e que ninguém conhece”.

Na prática, além de ter alterado a legislação em todos os aspectos de modo a coadunar-se às condições já vinculadas com o ‘Parceiro de Referência”, o Governo, através do vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, pôde aparecer, na semana passada, perante os cabo-verdianos, a dizer que cumpriu a lei e que todos os documentos relativos à esta operação a favor da Vinci serão tornados públicos.

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