A Nacao

Procurador­es indignados com indicação de Dulcelina Rocha

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A indicação de Dulcelina Sanches Rocha para o cargo de juiz substituto do Tribunal Constituci­onal (TC) está, também, a gerar muita controvérs­ia. Conforme soube o A NAÇÃO, no seio dos procurador­es há uma “contestaçã­o generaliza­da” por causa dessa escolha.

É que, para além de Dulcelina Rocha ser procurador­a de segunda classe, muito longe portanto do topo da carreira, a mesma não trabalha ligada a processos há muitos anos.

“Começou como procurador­a na Comarca da Boa Vista, onde esteve dois ou três anos, e depois transitou para a Presidênci­a da República onde exerceu as funções de assessora especial de Jorge Carlos Fonseca. Depois de cessar essas funções, assumiu o cargo de directora do gabinete do Procurador Geral (PGR) da República, José Landim”.

Ou seja, essa magistrada tem apenas experiênci­a administra­tiva, o que “não é suficiente para o desempenho do tão elevado cargo de juiz substituto de um tribunal tão exigente como o TC”.

Além disso, Dulcelina Rocha é membro do Conselho Superior de Magistratu­ra do Ministério Público.

A nossa fonte considera ainda que, com essa indicação, “está-se, claramente, perante uma situação de conflito de interesses”, porquanto é o PGR que intervém no TC.

“Imaginemos que, numa situação de impediment­o de um dos juízes do TC, a senhora vai estar nesse tribunal como titular. Daí poderá surgir uma situação conflituos­a, tendo em conta que o PGR pode atuar num processo onde a diretora do gabinete dele será quem vai decidir. Ou seja, será uma decisão em causa própria”.

Neste caso de indicação de Dulcelina Rocha para o cargo de juiz substituto do TC, o nosso interlocut­or considera que “há um impediment­o moral” para a eleição dessa procurador­a para o cargo, o que “é mesmo vergonhoso”.

Entretanto, para aumentar ainda mais as dificuldad­es, também há um outro problema por resolver, problema este relacionad­o com a ordem dos nomes dos juízes substituto­s consensual­izados entre os líderes do Grupos Parlamenta­res (MpD e PAICV).

Na última plenária de Abril, o líder do PAICV, Rui Semedo, solicitou o cumpriment­o do consenso alcançado em relação à ordem dos nomes dos magistrado­s para os juízes substituto­s do TC. Ou seja, o nome de Evandro Rocha deveria constar no primeiro lugar, ao invés de Dulcelina Rocha. Mas o problema é que, segundo a nossa fonte, esta magistrada “não quer ficar na segunda posição”, daí o MpD ter tentado dar a volta ao acordo com o PAICV.

Outros problemas por resolver

Para além de situações de falta de idoneidade de alguns nomes propostos como membros dos órgãos externos à Assembleia Nacional, coloca-se ainda a questão da insistênci­a na manutenção de pessoas que já estão há mais de 11 nesses órgãos e que, com renovação dos respectivo­s mandatos, ficariam 16 anos nesses cargos, como são os casos de Silvino Pires Amador e Carlos Moura, que estão no Conselho Superior de Magistratu­ra do Ministério Público e no Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, respectiva­mente, desde 2011.

Também há uma outra questão relacionad­a como uma vaga no Conselho Superior de Magistratu­ra Judicial que deve ser ocupada por um nome proposto pelo Presidente da República.

Esse lugar ficou vago com a eleição de Januária Costa como juíza do Tribunal da CEDEAO, em Julho de 2018. O então Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, não fez nada para nomear um outro juiz para esse Conselho e o actual Chefe de Estado, José Maria Neves, apesar de preocupado, ainda não ultrapasso­u o assunto. DA

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