“É fundamental resolver o isolamento do país”
Ainda que não tenha planos para fazer grandes investimentos pessoais em Cabo Verde, o consultor espera, através de um trabalho que já está a desenvolver, atrair investidores no mundo dos negócios na África Ocidental, tendo por base que Cabo Verde oferece “muitas oportunidades interessantes”, em vários sectores.
Esse trabalho será feito, segundo diz, através da criação, na Praia, de um gabinete de consultoria, para apoiar empresas cabo-verdianas que desejam projetar-se no mercado “natural” e de “dimensão gigante”, que é a África Ocidental.
“Para dar uma ideia, só a cidade de Abidjan tem mais de 5 milhões de habitantes, enquanto a CEDEAO tem um PIB de 628 mil milhões de dólares e uma população estimada em quase 350 milhões de habitantes. É absolutamente essencial que a iniciativa privada cabo-verdiana consiga, com o apoio do Estado, resolver os problemas de isolamento do país, principalmente marítimo, que ainda me resta um mistério”, considera.
Neste âmbito, estranha que, apesar da presença de mais de 20.000 compatriotas em Senegal, não exista uma linha de envio regular entre Dakar e Praia, “sem mencionar transbordos de outros países africanos para Cabo Verde”.
“Penso que a criação de um armamento nacional é essencial e urgente para o desenvolvimento comercial de Cabo Verde, sem o qual os esforços do Estado para atrair investidores poderiam ser diminuídos, devido à falta de meios de distribuição dos produtos no continente”, alerta.
Os amigos e colegas que traz para Cabo Verde, garante, tiveram, até agora, uma apreciação muito favorável, mas, com o mesmo pensamento de que “Cabo
Verde não está em África”.
“Para o visitante, Cabo Verde muitas vezes parece estar mais desenvolvido, embora seja necessário chegar a acordo sobre o significado deste conceito. Mas, em geral, é verdade que, mais do que arranha-céus, é o nível de desenvolvimento humano, o elevado nível de alfabetização, de saúde, de segurança e paz pública – quando comparado com outras realidades africanas - , das infraestruturas e, sobretudo, das instituições republicanas e o seu funcionamento”, explica.
“É um tesouro que deve ser preservado a todo o custo. Orgulhamo-nos da excelente reputação internacional de Cabo Verde em termos de governação, responsabilidade social, desenvolvimento integrado, especialmente o desenvolvimento da cultura que, em minha opinião, é hoje a primeira indústria do país, depois do turismo”, apontou.