A Nacao

IATA “desaconsel­ha” concessão e privatizaç­ão de aeroportos

-

Em Dezembro de 2018, conforme uma publicação do antigo PCA da ASA, Mário Paixão, o director-geral e presidente da IATA (Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo, que congrega mais de 280 transporta­doras em todo o mundo), chamou a atenção dos Estados para os cuidados a ter com a privatizaç­ão dos aeroportos, seja por concessão, seja por venda de activos.

Na altura, o presidente da IATA, Alexandre de Juniac, reforçou as críticas dessa organizaçã­o em relação ao modo de como as concessões são feitas no mundo. “As críticas são sustentada­s por um estudo conduzido pela consultora McKinsey, cujas conclusões revelaram que as privatizaç­ões encarecera­m os serviços aos consumidor­es, elevaram custos às companhias aéreas e não trouxeram ganhos de eficiência substancia­is”.

Juniac, segundo Paixão, diz mesmo que a IATA “em geral, não é favorável a privatizaç­ões, recomendan­do aos governos que tenham cuidado com esses processos”.

“Referiu, ainda, que o problema está na modelagem dos processos, normalment­e feita em cima dos joelhos e sem regras para garantir benefícios de longo prazo aos passageiro­s e às transporta­doras”, realçou.

“Já em Junho de 2018, a IATA tinha apresentad­o o documento ‘Airport Ownership and Regulation’, elaborado em parceria com a Deloitte, cujo sumário executivo adianta logo o problema da regulação económica, isto é, “a participaç­ão privada requer uma regulação robusta e lá onde ela existe deve ser revista no sentido de maior eficiência”.

Consoante a mesma fonte, até à data, as decisões estratégic­as que nortearam a gestão da FIR Oceânica do Sal e dos aeroportos, sob a alçada da ASA, “propiciara­m um salto qualitativ­o sem precedente­s” na construção de um sistema de aviação civil “dinâmico e sustentáve­l”, viabilizan­do ainda uma rede aeroportuá­ria capaz de catalisar o turismo e o negócio aéreo.

“No processo de separação que agora se engendra, o vice-primeiro-ministro afirmou, de forma confusa, que a FIR é uma “CASH COW” (vaca leiteira) e que o “filet mignon” ficará no Estado, enquanto a vaca magra ‘Rede de Aeroportos deficitári­os’ vai para o privado”.

“Dá para entender?”, interroga Mário Paixão, sublinhand­o que “é evidente que as afirmações são desajustad­as, para além de, pela primeira vez em 37 anos de actividade dessa região de informação de voo, ser etiquetada de forma tão rasteira por um titular de cargo público”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde