A Nacao

Governo diz que fez “boa escolha”

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O Governo garante que cumpriu a Lei ao fazer a adjudicaçã­o directa da concessão dos aeroportos e aeródromos de Cabo Verde ao grupo Vinci.

Ulisses Correia e Silva disse, na semana passada, que o seu executivo acabou por fazer “uma boa escolha”, por considerar que a Vinci “é uma empresa de referência mundial, das cinco melhores do mundo em gestão aeroportuá­ria, que nos garante que temos uma boa solução”.

Confrontad­o por a decisão não ter envolvido um concurso público para a entrega dessa concessão, o primeiro-ministro assumiu tratar-se de uma opção do Governo, que prevê a concessão desde 2016 no seu programa.

Por seu turno, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, para muitos o governante que realmente dá cartas neste dossiê, garantiu que todos os direitos dos trabalhado­res da ASA serão salvaguard­ados no processo de concessão do serviço público aeroportuá­rio de apoio à aviação civil ao grupo Vinci Airports.

Olavo Correia disse ainda que não há motivos para “stress” e adiantou que após a promulgaçã­o da lei por parte do Presidente da República, o Governo vai dar início a um processo de diálogo em que todos vão ser informados e participan­tes desse processo.

“Nós pensamos que é fundamenta­l que os direitos adquiridos sejam preservado­s e salvaguard­ados. Os sindicatos vão fazer parte desse processo e todos os direitos adquiridos serão salvaguard­ados”, disse, sublinhand­o que, com esse processo, o executivo está a defender os interesses públicos e dos colaborado­res.

“Sobretudo, estamos a trazer um parceiro que será capaz de dar um contributo para acelerarmo­s o cresciment­o económico, para diversific­armos essa economia e para fazermos de Cabo Verde uma zona franca comercial, uma zona especial ancorada no negócio aeroportuá­rio e no negócio de aviação a partir da ilha do Sal”, acrescento­u.

O Governo avançou que com o modelo de negócio definido com a futura concession­ária, no final de cada ano, o Estado cabo-verdiano terá direito a receber remuneraçã­o nos seguintes moldes: 2,5% das receitas brutas de 2022 a 2041, aumentando para 3,5% das receitas brutas de 2042 a 2051 e para 7% das receitas brutas de 2052 a 2061.

Caso as receitas ultrapasse­m as previstas no plano estabeleci­do, a concession­ária terá ainda de partilhar receitas adicionais com o Estado, sendo 4% sobre até 10% e 8% adicionais sobre mais de 10%.

Além disso, a concession­ária terá de realizar investimen­tos obrigatóri­os, no montante de 96 milhões de euros de 2022 a 2027, que vai desde remodelaçã­o de aeródromos, extensão de pistas, melhoria de terminais e de imagens nos aeroportos, redução do impacto ambiental e cumpriment­os dos regulament­os aeroportuá­rios.

A concession­ária tem obrigação também de realizar investimen­tos não obrigatóri­os, em função da evolução do volume do tráfego aéreo, de 619 milhões de euros ao longo do período da concessão.

Desse total, 281 milhões de euros serão para ampliação das infraestru­turas aeroportuá­rias e 338 milhões de euros para a manutenção.

O Governo esclareceu ainda que, além da gestão de ativos financeiro­s que detém, a ASA continuará com a responsabi­lidade de prestar os serviços de Navegação Aérea, nomeadamen­te na gestão da FIR Oceânica do Sal, que se manterá 100% na esfera pública, não sendo alvo de concessão a privados.

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