Governo “ignorou” uma “oportunidade de ouro” para estudantes
Dos esforços que tem feito na República Checa para abrir as portas de Cabo Verde, Mónica Sofia Duarte diz que, infelizmente, nem todos são devidamente valorizados por quem devia. Aponta como exemplo a possibilidade de jovens cabo-verdianos poderem formar-se naquele país europeu cujas universidades constam da lista das mais prestigiadas da Europa e do mundo.
“Aqui, estuda-se até os 26 anos sem pagar nada. Tive uma oportunidade de ouro, que me ofereceram na Fundação Nadje Cabo Verde, para trazer com bolsa para estudantes cabo-verdianos. Fui pessoalmente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, até ao Ministério da Educação, na Praia, escrevi e-mails para ministros, mas não tive sucesso e fui muito ignorada”, lamenta.
“Tive que pedir desculpas a universidades, aqui, que estavam dispostas a receber jovens cabo-verdianos e que nunca chegaram. Vieram alunos da Guiné-Bissau e outros países, isto porque o meu país não mostrou interesse e eu sozinha, sem o envolvimento do Estado, não podia fazer nada”, acrescenta.
Tendo em conta o sucedido, Mónica Sofia conta que no dia em que um estudante cabo-verdiano quiser estudar na República Checa será difícil.
“Caso os estudantes cabo-verdianos quiserem estudar na República Checa terão que pedir visto primeiramente para Portugal e, a partir dali, pedir um novo visto para República Checa”. Ou seja, “terão que vir da mesma forma que eu vim. Queria que isso acabasse e que um filho de coitado tivesse a mesma oportunidade, mas infelizmente não foi possível por falta de vontade do nosso Governo”, lamentou a entrevistada do A NAÇÃO, que diz esperar uma mudança de atitude das autoridades do seu país natal, na esperança de que novas oportunidades acabarão por surgir para os estudantes de licenciatura ou mestrado.